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17 de set. de 2008

A poesia também pode ser dura!

O ANALFABETO POLÍTICO

O pior analfabeto

É o analfabeto político,

Ele não ouve, não fala,

Nem participa dos acontecimentos políticos.

Ele não sabe que o custo da vida,

O preço do feijão, do peixe, da farinha,

Do aluguel, do sapato e do remédio

Dependem das decisões políticas.

O analfabeto político

É tão burro que se orgulha

E estufa o peito dizendo

Que odeia a política.

Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política,

Nasce a prostituta, o menor abandonado,

E o pior de todos os bandidos,

Que é o político vigarista,

Pilantra, corrupto e lacaio

Das empresas nacionais e multinacionais.

Bertolt Brecht (1898-1956)

Como é possível observar por meio do exemplo acima, a poesia não tem seus versos comprometidos somente com as imagens idílicas, oníricas, fantásticas e agradáveis. Tampouco sua linguagem tem de ser a todo momento melíflua, quase como uma canção. Seu tema pode também ser duro como são alguns ou muitos aspectos da realidade.

Nesses casos a linguagem pode vir carregada com a intenção do poeta, a intenção de ser claro, objetivo, no intuito de que não haja dúvidas sobre sua mensagem. Dessa forma constroem-se os poemas não somente destinados ao público de poesia, os poemas engajados que estão para além da mera fruição estética.

Há poetas como Castro Alves, que fazem a métrica, a rima e outros recursos próprios à linguagem poética tratarem com "beleza" temas áridos como a escravidão, a covardia e a miséria, porém sua linguagem extremamente elaborada distancia o público pouco apreciador de poesia de sua mensagem. Seria como ouvir uma música cuja letra é muito importante cantadada em outra língua, totalmente desconhecida. A sonoridade é apreciada enquanto a mensagem é perdida.

Por esse motivo, poetas como Brecht ou Ferreira Gullar apelam à linguagem simples, "pouco burocrática", mas eficiente.

Leia/veja esse poema de Ferreira Gullar:

2 comentários:

R. disse...

Bertolt Brecht eu já conhecia, e no minuto em que terminei de ler esse poema me tornei um admirador do tema de seus poemas. Com Ferreira Gullar não poderia ser diferente. Aliás, penso que muitos que abordam ese tema vão se tornar ídolos para mim, me atrai muito esa temática, e corajosos são aqueles que abordam-na.
E eles realmente dizem a verdade, Brecht criticando os analfabetos políticos, que com certeza se aplica muito bem à sociedade brasileira, em que encontramos muitos analfabetos políticos que dizem que não gostam de política. Mas como podemos não gostar de algo que governa nossa vida em sociedade? Aqueles que dizem que não gostam, não fazem nada para mudar, então esses nunca terão o direito de reclamar da situação política do país.
Ferreira Gullar critica as coisas fúteis com que a sociedade se preocupa, ignorando o que está em suas caras mas que muitos se recusam a ver, que são os problemas sociais, que poderiam ser solucionados se cada um tivesse consciência política suficiente para se dispor a mudar, mas isso deveria ser aprendido na escola, o que, infelizmente, não acontece.

Leonardo disse...

Muito bem, caro R.,

façamos como bem escreve Ferreira Gullar em seu Poema Obsceno, ESPREITEMOS!

Abraços!

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