Observando o mundo ao redor, o ser humano tem a impressão de que tudo sempre esteve do jeito que está: pronto! No entanto, com mais vivência, percebe, por meio das mudanças ocorridas em seu ambiente, que, na verdade, seu habitat é continuamente modificado, não só pela natureza, como também por ele mesmo.
Quanto à natureza, embora infindos sejam seus esforços por domá-la, pouco tem conseguido; quanto a ele mesmo e aquilo ao seu alcance, aos poucos percebe que tem uma boa dose de livre-arbítrio.
As ações escolhidas por ele, a partir de então, serão definidas tendo por base seus valores, seu conceito de mundo e de si mesmo. O que produzir será marcado por essas diretrizes. Desse modo, podemos inferir que as obras humanas nascem inicialmente no campo abstrato do pensamento e da idiossincrasia, determinadas por valores e conceitos, e concretizam-se, materializando-se, na medida permitida pelas circunstâncias.
E o que isso tem a ver com Literatura?
Ora, o que move a criação artística senão a vontade do artista de expressar-se? A vontade nasce de uma necessidade, seja ela elevada ou não. A obra artística transmite sempre uma mensagem, ainda que às vezes a mensagem captada seja diferente da emitida. Enfim, na obra de arte transmitem-se ideias, valores, conceitos e ideais.
Na Literatura, a palavra servirá à transmissão desses conceitos, valores etc., geralmente provocando a união de artistas da palavra que têm afinidade entre si. Assim, criam-se as chamadas escolas literárias. Tais escolas agrupam autores que escolhem determinado modo de escrever, elegendo linhas estéticas a seguir (frequentemente elaborando uma teoria sobre o belo ou não para escrita). Isso contribui para criação de uma grande diversidade de estilos, abordagens de temas e, consequentemente, ao surgimento de escolas literárias. Há também os chamados movimentos literários, os quais abordaremos futuramente.
Disso advém que os autores cuja identificação se relaciona à Escola do Romantismo não escreverão como aqueles identificados entre os da Escola do Realismo. Embora haja pontos convergentes entre as duas escolas.
É mais ou menos o que ocorre no meio musical. Eruditos não costumam compor Rock and Roll, roqueiros nada querem com Pagode, e assim por diante. A escolha do gosto musical afeta muitas vezes até o modo de se vestir e de se relacionar, bem como elege conceitos de beleza para música e não raramente um estilo de se viver a vida. Apesar de a matéria-prima dos três estilos citados ser a mesma, as notas musicais e, às vezes, a palavra, o modo de sua utilização é bastante diferente. Nas escolas literárias ocorre o mesmo.
Observe as duas imagens a seguir. Sendo expoentes de uma mesma arte, a pintura, foram criadas seguindo conceitos de função e estilo completamente diferentes. Caso fossem textos, os atribuiríamos a escolas literárias distintas.
(clique sobre a imagem)
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