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21 de jul. de 2011

Parnasianismo

PARNASIANISMO



- Desdobramento do Realismo na Poesia

- Resposta ao Romantismo (Poesia)

- Origem: Parnasse Contemporain

- Étimo: Monte Parnaso (Castália)

- França e Brasil





Dados Históricos



- 1882 (Fanfarras – Teófilo Dias)



Temas:



- Descrição Objetiva: Mundo / Objetos

- História Antiga

- Mitologia

- Oriente

- “Arte pela Arte” (Théophile Gautier)

- O Trabalho com a Palavra

- Poeta Escultor



Forma:



- Poema

- Rigidez Formal

- Versificação

- Ritmo

- Rima

- Sonoridade

- Aliterações / Assonâncias

- Vocabulário Raro

- Elementos Sensoriais



Autores:



- Alberto de Oliveira

- Raimundo Correia

- Olavo Bilac

- Vicente de Carvalho

- Francisca Júlia

- Artur de Azevedo

 
 
POEMAS DE ALGUNS AUTORES:
 
 
Raimundo Correia




As pombas

Vai-se a primeira pomba despertada ...

Vai-se outra mais ... mais outra ... enfim dezenas

De pombas vão-se dos pombais, apenas

Raia sanguínea e fresca a madrugada ...

E à tarde, quando a rígida nortada

Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,

Ruflando as asas, sacudindo as penas,

Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações onde abotoam,

Os sonhos, um por um, céleres voam,

Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam,

Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,

E eles aos corações não voltam mais...



Mal secreto

Se a cólera que espuma, a dor que mora

N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,

Tudo o que punge, tudo o que devora

O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse o espírito que chora

Ver através da máscara da face,

Quanta gente, talvez, que inveja agora

Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo

Guarda um atroz, recôndito inimigo,

Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,

Cuja a ventura única consiste

Em parecer aos outros venturosa!





Olavo Bilac



Profissão de fé

Le poète est ciseleur,

Le ciseleur est poète.

Victor Hugo.

Não quero o Zeus Capitolino

Hercúleo e belo,

Talhar no mármore divino

Com o camartelo.



Que outro - não eu! - a pedra corte

Para, brutal,

Erguer de Atene o altivo porte

Descomunal.





Mais que esse vulto extraordinário,

Que assombra a vista,

Seduz-me um leve relicário

De fino artista.



Invejo o ourives quando escrevo:

Imito o amor

Com que ele, em ouro, o alto relevo

Faz de uma flor.



Imito-o. E, pois, nem de Carrara

A pedra firo:

O alvo cristal, a pedra rara,

O ônix prefiro.



Por isso, corre, por servir-me,

Sobre o papel

A pena, como em prata firme

Corre o cinzel.



Corre; desenha, enfeita a imagem,

A idéia veste:

Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem

Azul-celeste.



Torce, aprimora, alteia, lima

A frase; e, enfim,

No verso de ouro engasta a rima,

Como um rubim.



Quero que a estrofe cristalina,

Dobrada ao jeito

Do ourives, saia da oficina

Sem um defeito:



E que o lavor do verso, acaso,

Por tão subtil,

Possa o lavor lembrar de um vaso

De Becerril.



E horas sem conto passo, mudo,

O olhar atento,

A trabalhar, longe de tudo

O pensamento.



Porque o escrever - tanta perícia,

Tanta requer,

Que oficio tal... nem há notícia

De outro qualquer.



Assim procedo. Minha pena

Segue esta norma,

Por te servir, Deusa serena,

Serena Forma!



Deusa! A onda vil, que se avoluma

De um torvo mar,

Deixa-a crescer; e o lodo e a espuma

Deixa-a rolar!



Blasfemo> em grita surda e horrendo

Ímpeto, o bando

Venha dos bárbaros crescendo,

Vociferando...



Deixa-o: que venha e uivando passe

- Bando feroz!

Não se te mude a cor da face

E o tom da voz!



Olha-os somente, armada e pronta,

Radiante e bela:

E, ao braço o escudo> a raiva afronta

Dessa procela!



Este que à frente vem, e o todo

Possui minaz

De um vândalo ou de um visigodo,

Cruel e audaz;



Este, que, de entre os mais, o vulto

Ferrenho alteia,

E, em jato, expele o amargo insulto

Que te enlameia:



É em vão que as forças cansa, e â luta

Se atira; é em vão

Que brande no ar a maça bruta

A bruta mão.



Não morrerás, Deusa sublime!

Do trono egrégio

Assistirás intacta ao crime

Do sacrilégio.



E, se morreres por ventura,

Possa eu morrer

Contigo, e a mesma noite escura

Nos envolver!



Ah! ver por terra, profanada,

A ara partida

E a Arte imortal aos pés calcada,

Prostituída!...



Ver derribar do eterno sólio

O Belo, e o som

Ouvir da queda do Acropólio,

Do Partenon!...



Sem sacerdote, a Crença morta

Sentir, e o susto

Ver, e o extermínio, entrando a porta

Do templo augusto!...



Ver esta língua, que cultivo,

Sem ouropéis,

Mirrada ao hálito nocivo

Dos infiéis!...



Não! Morra tudo que me é caro,

Fique eu sozinho!

Que não encontre um só amparo

Em meu caminho!



Que a minha dor nem a um amigo

Inspire dó...

Mas, ah! que eu fique só contigo,

Contigo só!



Vive! que eu viverei servindo

Teu culto, e, obscuro,

Tuas custódias esculpindo

No ouro mais puro.



Celebrarei o teu oficio

No altar: porém,

Se inda é pequeno o sacrifício,

Morra eu também!



Caia eu também, sem esperança,

Porém tranquilo,

Inda, ao cair, vibrando a lança,

Em prol do Estilo!




Língua Portuguesa


Última flor do Lácio, inculta e bela,

És, a um tempo, esplendor e sepultura:

Ouro nativo, que na ganga impura

A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura.

Tuba de alto clangor, lira singela,

Que tens o trom e o silvo da procela,

E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma

De virgens selvas e de oceano largo!

Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!",

E em que Camões chorou, no exílio amargo,

O gênio sem ventura e o amor sem brilho!



A um poeta


Longe do estéril turbilhão da rua,

Beneditino escreve! No aconchego

Do claustro, na paciência e no sossego,

Trabalha e teima, e lima , e sofre, e sua!

Mas que na forma se disfarce o emprego

Do esforço: e trama viva se construa

De tal modo, que a imagem fique nua

Rica mas sóbria, como um templo grego

Não se mostre na fábrica o suplício

Do mestre. E natural, o efeito agrade

Sem lembrar os andaimes do edifício:

Porque a Beleza, gêmea da Verdade

Arte pura, inimiga do artifício,

É a força e a graça na simplicidade.




Via Láctea



"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo

Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,

Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto

E abro as janelas, pálido de espanto...



E conversamos toda a noite, enquanto

A via-láctea, como um pálio aberto,

Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,

Inda as procuro pelo céu deserto.



Direis agora: "Tresloucado amigo!

Que conversas com elas? Que sentido

Tem o que dizem, quando estão contigo?"



E eu vos direi: "Amai para entendê-las!

Pois só quem ama pode ter ouvido

Capaz de ouvir e de entender estrelas."





Vicente de Carvalho



A flor e a fonte



"Deixa-me, fonte!"- Dizia

A flor, tonta de terror.

E a fonte, sonora e fria,

Cantava, levando a flor.



"Deixa-me, deixa-me, fonte!"

Dizia a flor a chorar:

"Eu fui nascida no monte...

"Não me leves para o mar."



E a fonte, rápida e fria,

Com um sussuro zombador,

Por sobre a areia corria,

Corria levando a flor.



"Ai, balanços do meu galho,

"Balanços do berço meu;

"Ai, claras gotas de orvalho

"Caídas do azul do céu!..."



Chorava a flor, e gemia,

Branca, branca de terror,

E a fonte, sonora e fria,

Rolava, levando a flor.



"Adeus, sombra das ramadas,

"Cantigas do rouxinol;

"Ai, festa das madrugadas,

"Doçuras do pôr-do-sol!



"Carícia das brisas leves

"Que abrem rasgões de luas...

"Fonte, fonte, não me leves,

"Não me leves para o mar!..."



As correntezas da vida

E os restos do meu amor

Resvalam numa descida

Como a da fonte e da flor.



Velho tema VI



“Lembra!” diz-me o passado. “Eu sou a aurora

E a primavera, o olhar que se enamora

De quanto vê pelo caminho em flor;

Para o teu coração cansado e triste

É recordar-me — o único bem que existe...

Eu sou a mocidade, eu sou o amor.”



“Vive!” diz-me o presente. “Alma suicida,

Louca, não peças à árvore da vida

Mais que os amargos frutos que ela tem;

Deixa a saudade e foge da esperança,

Faze do pouco que teu braço alcança

O teu mesquinho, o teu único bem.”



“Sonha!” diz-me o futuro: “O sonho é tudo,

Eu sobre as tuas pálpebras sacudo

A poeira da ilusão! ... sonha e bendiz!

Eu sou o único bem porque te engano,

E o desgraçado coração humano

Só com o que não possui é que é feliz.”



Eu ouço os três, e calo-me: desisto

De quanto me prometem, porque nisto

Todos se enganam, todos, menos eu:

Beijo dos lábios da mulher amada,

O único bem és tu! Não há mais nada...

E tu és de outro, e nunca serás meu!







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