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7 de dez. de 2008

Sobre o exagero e a caricatura

Assista ao vídeo a seguir do show "Notícias Populares", da companhia de comédia "Os Melhores do Mundo", e leia o texto:

A fim de entender melhor o movimento e a natureza dos astros, as lentes de aumento são apontadas para o céu e até mesmo enviadas a ele em satélites. Para sondar o mundo microscópico, durante muito tempo invisível, mais uma vez é necessário o uso de potentes lentes combinadas entre si. Isso porque a ampliação serve bem à observação; essa é uma constatação científica que tem sua aplicação também nas questões das relações humanas.
A lente de aumento usada nas artes dramáticas, literatura e afins é o exagero, por meio do qual nasce a caricatura.
Se existe um lugar em que o extremo é bem-vindo, esse lugar é a comédia. Um ditado oriental sabiamente instrui: "O riso é um furo através do qual se enxerga a verdade". Excesso e riso costumam andar de mãos dadas, assim freqüentam o mundo do humor há tempos.
Ao se lançar mão desse recurso para se destacarem alguns aspectos de uma personagem, por exemplo, outras características, certamente, acabam obscurecidas; disso advém a "imagem" caricatural. Esta não corresponde completamente à realidade, mas serve bem ao propósito do riso e, portanto, à verdade. É interessante perceber que, sob tal ponto de vista, realidade e verdade não podem ser consideradas palavras sinônimas.
Não raramente, cartunistas se valem de personagens reais, tornando-os caricatos, e ressaltam desde alguns predicados físicos até discursivos. A evidência extremada de tais predicados, além de criar humor, dá ensejo à construção de um pensamento crítico. Vale ressaltar, no entanto, o fato de a "lente de aumento" ser uma interpretação possível feita por um terceiro, neste caso um cartunista, e não a expressão máxima da verdade.
Desde as peças cômicas de Aristófanes (Grécia Antiga), das peças da Commedia dell´Arte, passando por esboços de Leonardo da Vinci (Renascença) e as primeiras caricaturas de folhetins, de Daumier (França, séc. XIX), até os programas como Zorra Total (Brasil, séc. XXI), o exagero e seu "irmão", o absurdo, não perdem sua eficiência, proporcionando o riso e a oportunidade de fazer seu fruidor se posicionar criticamente diante do objeto posto em evidência.
Caricaturas feitas por Leonardo da Vinci
Em "O Grande Ditador", filme de Charles Chaplin, o riso da ficção é o grito de pavor da realidade de então. Hitler, na caricatura construída pelo ator inglês, é Hinkel, ser digno de dó. Para criticar a realidade de seu tempo (política pré-2a Guerra Mundial), talvez a comédia tenha se prestado melhor do que a tragédia.
Hinkel - personagem de "O Grande Ditador"

Apesar desse laço atávico entre o exacerbamento e o cômico, o excesso também pode servir ao texto sério, como o de Ignácio de Loyola Brandão, "O homem que espalhou o deserto".
Seja para o riso ou não, a família do excesso, da caricatura, do grotesco e do absurdo andará sempre agarrada à ironia.
Lady Kate - personagem de Zorra Total
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Leia também um conto de Alcântara Machado.

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