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29 de out. de 2008

Ilha das Flores

Quando determinado emissor deseja transmitir uma mensagem, costuma refletir a respeito da forma mais apropriada para isso. Tem logo de início de considerar quem é o seu receptor e qual é o meio que utilizará para veiculá-la. Quanto ao meio, será ela falada, sonora, escrita, visual, plástica ou multimídia? Quanto ao conteúdo, será concreta, abstrata, objetiva, subjetiva ou propiciará vários níveis de entendimento?

Um médico, por exemplo, ao preparar determinado material visando a uma apresentação para leigos, deverá evitar o uso de terminologias médicas, tendo de explicá-las caso decida usá-las, e muito provavelmente será obrigado a valer-se de imagens para ilustrar questões de anatomia que, se faladas a outros médicos, talvez fossem dispensáveis. No entanto, se o seu público fosse de médicos também, sua linguagem poderia ser mais científica e específica, dispensando outros recursos didáticos.

Ao se utilizarem recursos como narração, escrita, imagem e som (podemos tomar um filme como exemplo), a mensagem é trabalhada em múltiplos aspectos, ou, na verdade, múltiplas mensagens podem interagir de forma a fortalecer a transmissão de uma mensagem principal. Mensagens contraditórias veiculadas ao mesmo tempo às vezes surtem até um melhor efeito para se atingir determinado objetivo.

Como assim?

É comum em filmes de terror aparecer uma cena pacata com uma trilha sonora que sugira suspense; ou seqüência de cenas com crianças brincando e música infantil de fundo, no entanto com alternância rápida de ângulos da mesma cena. A contradição entre som e imagem experimentada pelo receptor provoca aflição e angústia, ingredientes desejáveis em um filme desse gênero. Nesse caso música e imagem são indissociáveis, pois são complementares.

Há casos do uso mais óbvio desses recursos: uma cena sombria com uma trilha sonora sombria. O som passa a ser mais descritivo do que complementar, ou funciona mais como um "advérbio", intensificando a "atmosfera" desejada pelo emissor.

No humor, seja ele de "escárnio" ou "maldizer" (emprestando termos da literatura), pode-se usar um falseamento da linguagem, ou seja, da forma, a fim de se abordar o conteúdo por um ponto de vista diferente, original e até necessário de acordo com o intuito da crítica realizada.

No filme a seguir, "Ilha das Flores", emprega-se uma linguagem pseudocientífica como argumentação que justifica a crítica ali proposta. As imagens, pretensamente ilustrativas, por vezes, sugerem paradoxos em relação ao que é narrado, isto é, tornam-se complementares por contradizer o discurso, algo fundamental à construção da ironia que permeia todo o filme.

As provocações vão de seu início ao fim, e seu humor, fino, é o do tipo que constrói uma reflexão tão necessária à humanidade em sua atual condição.

Assista ao filme atentando ao que foi abordado no texto acima:

ILHA DAS FLORES - I

ILHA DAS FLORES - II

“Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda.” – Cecília Meireles

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Leia o texto de Plínio Marcos sobre AIDS, dirigido à população carcerária.

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