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15 de set. de 2008

Sobre o acordo ortográfico

Os membros dos oito países que têm a língua portuguesa como sua língua oficial terão de agüentar as conseqüências imediatas do acordo ortográfico há pouco assinado. Uma delas se refere ao mercado editorial, obrigado a atualizar todas as suas publicações, principalmente as didáticas. Outra, de repercussão mais ampla, diz respeito àqueles que são usuários da escrita. Dificilmente os que têm cinqüenta anos de uso escrito da língua conseguirão em um qüinqüênio se adaptar completamente às regras da nova ortografia, não por incapacidade de entendê-las, mas porque pouco podem as teorias diante da força do hábito.

Neste texto, na verdade, os qüinquagenários aparecem só como força de expressão, uma mera hipérbole, para que a idéia seja bem compreendida.

Protestando ou não, esses cinqüentões da língua, tenham eles vinte, quarenta, sessenta anos, nada podem, uma vez que o acordo está feito e homologado, não há, portanto, gesto heróico ou panacéia que dêem jeito. Pode-se até acusar o acordo de enfeiar ou embelezar algumas palavras, entretanto feiúra e beleza pertencem mais ao universo das opiniões. Ademais, só de ler a embalagem de alguns produtos, teremos indício de sua fabricação, como é o caso dos microondas e dos antiinflamatórios. Até nosso arquiinimigo será obrigado a se atualizar.

Como a personagem Emília, de Monteiro Lobato, explica, apesar de as regras surgirem por determinação de um manda-chuva ou de um pequeno grupo, somente a freqüência de seu uso é que irá legitimá-las. Neste aspecto a escola e os meios de comunicação são essenciais.

Felizmente as palavras são somente representações de seres, objetos e conceitos, portanto os pára-quedas continuarão abrindo, a ultra-sonografia continuará sendo um importante recurso da medicina, os anti-rugas continuarão eficazes (ou não) e através da porta semi-aberta continuarão passando as correntes de ar.

O Brasil e todos os outros países signatários, na verdade, não resolverão seus problemas de infra-estrutura por meio desse acordo, mas certamente pretendem resolver algo com ele, o que a mim, pelo menos, parece ainda semi-obscuro (ou semiclaro?).

Dizem que Portugal, por um problema de auto-afirmação, demorou a assinar o acordo, já o Brasil, por um problema de colonização, mesmo tendo assinado, não o colocaria em prática se os legítimos “donos” da língua não ratificassem os novos cânones. Mas agora tudo já está nos eixos, acordos como esse já ocorreram antes e provavelmente hão de ocorrer ainda.

Às vezes a novidade tem um certo gosto de passado, por exemplo, os neo-expressionistas hão de se sentir mais “neo” que nunca; o semi-automático, sem o hífen, fica quase automático; o supra-sensível, então, esperamos que reaja bem à chegada de mais um “s”; e que o semi-real não se aborreça com a supressão de sua semimaterialidade outrora garantida pelo hífen. Isso há de causar inveja ao super-realista e ao super-racional; o hiper-realista pode até ficar com um problema supra-renal, contudo, nesses casos, o hífen não some, passando a ser super-requisitado em outras palavras também.

Devemos lembrar que o Super-Homem em nenhum momento terá ferida sua integridade física ou “palavral”.

O beija-flor, o cirurgião-dentista e o tenente-coronel, na segunda-feira e nos demais dias da semana, não terão sua rotina alterada. O conta-gotas há de tirar sarro do antiinflamatório, que revidará mostrando sua roupa nova de duas peças em vez do velho macacão.

A barba adolescente “pêlo-sim-pêlo-não” será o próprio retrato da indecisão: pelo sim, pelo não; e tirar o chapéu no avião não afetará nem vôo nem enjôo.

Por mais paradoxal que possa parecer, a ortografia muda para que os oito países signatários do novo acordo ortográfico tenham, se podemos assim simplificar, um mesmo dicionário. Entretanto, não por esse motivo, o português brasileiro será falado como o português de Moçambique ou de Portugal e, para tanto, não há regra, lei e acordo que resolvam.

Portanto, os que lêem este texto creiam, e os que não crêem saibam que a grande verdade é que com hífen, trema, acento ou não, tudo continuará exatamente igual, assim como pode e pôde não mudaram... mas que o trema em pingüim tinha um forte apelo estético, isso tinha!

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(Você seria capaz de, a partir da tabela com o resumo das novas regras ortográficas, atualizar o texto acima, de modo a torná-lo correto para os leitores de 2012?)

Faça exercícios de ortografia envolvendo o uso das letras: G,J,S,Z e X - e muito mais.

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