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7 de nov. de 2012

Conto e Crônica


                                                                                                        

Os gêneros Conto e Crônica em muitos aspectos podem assemelhar-se, e não é pretensão deste material, produzido com a intenção mais didática possível, ater-se às tênues peculiaridades que os confundem. Por esse motivo, serão expostas aqui as características mais acentuadas de cada um deles, ignorando-se as exceções.

CONTO

O conto é um texto narrativo no qual há poucas personagens. As ações destas são desencadeadas a partir de um único conflito, o que torna seu enredo relativamente curto, se considerados outros gêneros da literatura, como novelas e romances. Não há preocupação em se explicar a origem das personagens nem de se contextualizar os elementos pertencentes à história além do necessário para que o leitor entenda aquilo que marca esse gênero: as ações do(s)  protagonista(s) para solucionar o conflito. Em alguns contos, utilizam-se descrições e o desfecho “aberto”, ou seja, um fim em que é deixado ao leitor a possibilidade de imaginar o desencadeamento da história além do principal que já foi contado pelo narrador, geralmente em terceira pessoa. No conto, geralmente o tempo e o espaço não variam do início ao fim. É comum também o uso de uma linguagem mais literária, mas isso não é uma regra.

CRÔNICA

A crônica, da qual se trata aqui, é um gênero textual surgido nos jornais com a finalidade de abordar temas cotidianos de maneira mais descontraída, suavizando aquela característica mais sisuda do jornal imposta pela seriedade como são e devem ser tratadas muitas notícias, artigos etc. Portanto, embora não seja uma regra, é comum ao universo da crônica o humor, a exploração de temas ligados ao cotidiano, a linguagem mais próxima da fala, o uso de digressões e a marca da personalidade do cronista. Em um texto frequentemente mais curto que o conto, não raramente, o cronista dá a entender ser ele mesmo a personagem principal de suas crônicas, logo, utiliza-se do narrador em primeira pessoa.
Alguns escritores desenvolvem um estilo muito peculiar que permite ao leitor mais atento reconhecer suas crônicas só pelo tema e pela forma como este é tratado. Em alguns textos desse gênero, estabelece-se uma espécie de “conversa” com o leitor, num tom prosaico, o que confere à crônica, muitas vezes, um aspecto de texto efêmero, datado.

COMO ESCREVER UM CONTO OU UMA CRÔNICA?

Primeiro sugere-se ao vestibulando que tome contato com esses dois tipos de texto, procurando assimilar suas características pela própria experiência de leitura. Há inúmeros contistas e cronistas que abordam diferentes temáticas, possuindo os mais variados estilos. Não é difícil, portanto, encontrar ao menos um com o qual seja possível se identificar. Há crônicas publicadas semanalmente em jornais e revistas, bem como outras reunidas em livros. É necessário cuidado, contudo, com textos divulgados na internet, pois nem sempre são o que pretendem ser.
Após esse contato mais ostensivo com esses gêneros textuais, é interessante comparar essa experiência de leitura com a teoria, buscando identificar as técnicas narrativas apresentadas na unidade XXIV e outras que se puder apreender.
Então, é praticar!

Leia crônica “O homem das palavras”, de Affonso de Romano Sant’Anna. Durante sua leitura, procure observar as características elencadas anteriormente.

O HOMEM DAS PALAVRAS

De Aurélio Buarque de Holanda, que nos deixou esta semana, guardo algumas lembranças. Todas alegres.
Uma vez, por exemplo, estávamos num congresso de escritores em Brasília. Assentados no auditório ouvíamos as doutas palavras que eram ditas no palco onde alguém proclamava as virtudes de um texto literário. A rigor, o texto em questão era a Canção do Exílio, de Gonçalves Dias, que até dez anos atrás todos os brasileiros sabiam de cor, não exatamente por causa da ditadura mais recente, mas porque era texto que aparecia em todas as antologias escolares.
Quem tem mais de trinta anos e estudou português e não a famigerada comunicação e expressão se lembra dos primeiros versos:
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá,
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Pois bem. Lá ia o expositor à mesa ressaltando que a grande força deste poema estava no fato de que era um texto sem qualquer adjetivo. Disse isto, conferindo tal observação ao grande Ayres da Matta Machado.
Mal se pronunciou esta frase, ouviu-se do fundo do auditório um vozeirão contestando e reclamando:
- Perdão, mas esta ideia é minha.
A plateia voltou-se estupefata.
Era Mestre Aurélio, que levantando-se da poltrona e encaminhando-se desassombradamente para o palco continuou falando:
- Sim, esta ideia é minha. Tive poucas, não sei se terei outras e tenho que defendê-las.
Isto posto assumiu seu imprevisto lugar à cabeceira das ideias e fez um brilhante aparte que virou uma conferência.
Outra estorinha sobre Aurélio já é clássica. Tendo que ir à Academia, uniformizado com espada e chapéu, ficou ali na Glória aguardando táxi, até que um parou. O motorista fascinado com a sua indumentária, olhando pelo retrovisor, de repente indagou:
- Ainda que mal pergunte: sois algum reis?
A construção da frase era estranha, mas o motorista estava jogando até com a possibilidade de "folia-de-reis" tendo em vista a semelhança entre a fantasia dos acadêmicos e a do folclore.
Aurélio explicou que não, falou da Academia. O chofer não entendeu muito bem. Mas quando Aurélio lhe pediu para se apressar, porque estava atrasado, o outro atalhou confiante:
- Pode deixar, doutor, que do jeito que o senhor está vestido, nada começa antes do senhor chegar.

(SANT'ANNA, Affonso Romano de. Porta de colégio e outras crônicas. 2ª ed. São Paulo: Ática, 1997. p. 53-56. Coleção Para Gostar de Ler. 16 Vol.)


PROPOSTAS DE VESTIBULARES

1. (UFG – Adaptado)

TEMA
A interferência do universo virtual na construção das relações sociais

COLETÂNEA
1. [...] a realidade não só pode ser estimulada, mas também melhorada. Por que simulá-la se não fosse assim? Isso significa que simular a realidade não é apenas uma questão de replicar sua estrutura básica, mas também de fazer quaisquer arranjos necessários para sintonizá-la aos nossos desejos.
O que é preferível, o mundo real ou o mundo virtual melhorado? Que pílula você tomaria - a azul ou a vermelha? Diante dos avanços tecnológicos apropriados, bem como de um programador competente e benevolente, o mundo virtual parecerá tipicamente mais atraente do que o real. Muito mais. Essa questão é muito bem ilustrada na cena em que Cypher abandona o grupo e vai trabalhar com o ilimitável agente Smith. Saboreando um suculento bife e um bom copo de vinho tinto, ele diz: "Eu sei que este bife não existe. Eu sei que quando o coloco na boca a Matriz diz ao meu cérebro que o bife é suculento e delicioso. Depois de nove anos, sabe o que percebi? A ignorância é a felicidade". A Matriz tem bifes deliciosos; o mundo humano real tem comida insípida e sem graça. A Matriz tem fantásticas boates; o mundo real não tem nenhuma. Mas a questão é que a Matriz é um paraíso de prazeres sensuais, comparado ao mundo real. E Cypher é um hedonista completo - o tipo que vai atrás do prazer e não está disposto a tolerar sonhos nunca realizados e outras baboseiras idealistas. Assim parece que o mundo virtual só é preferível para o hedonista superficial que é indiferente ao pecado da auto-enganação, enquanto o mundo real é preferível para qualquer pessoa que ligue mais para coisas importantes como verdade, liberdade, autonomia e autenticidade.
IRWIN, W. Matrix. Bem-vindo ao deserto do real. São Paulo: Madras, 2003. p. 254. [Adaptado].

2. No começo fiquei assustado. Mas talvez não seja especialmente horrível a ideia que li na "Folha" deste domingo, sobre a mais nova profissão do mundo. Trata-se do "personal amigo", e o nome, por si só, já é um poema. Amigos, por definição, sempre serão pessoais; o "personal amigo" inverte o sentido da expressão. Você paga uma taxa - que vai de R$ 50 a R$ 300, imagino que de acordo com a qualidade do profissional - e fica com uma pessoa para conversar, ir com você ao shopping ou tomar uma água de coco durante sua caminhada. Seria fácil pôr as mãos na cabeça e ver nessa novidade mais um sintoma da extrema mercantilização da vida cotidiana dentro dos quadros do capitalismo avançado. Creio que não se trata disso. Ninguém confundirá "personal amigo" com um amigo de verdade. Namoro, amizade, relacionamento? Acho bom que a extrema variação das emoções humanas não fique limitada a duas ou três palavras. Mandaram-me a notícia de que um site de livros eletrônicos entrega pelo correio uma fita adesiva para grudar no computador. A fita tem cheiro de livro real. Eis aí, quem sabe, o segredo do "personal-qualquer coisa". Ficamos muito tempo navegando no mundo virtual. Há o medo e a necessidade de entrar em contato físico com a realidade. Contrata-se um "personal amigo": pode ser um amigo falso, mas é uma pessoa real. A solidão pode ser driblada nas conversas pela internet. Mas não é apenas distração e conversa o que se procura: há, como nos adesivos com cheiro de livro verdadeiro, necessidade de coisa mais profunda, quem sabe até se religiosa; penso em termos como presença, calor, vida e comunhão.
COELHO, Marcelo. "Do virtual ao personal". Folha de S. Paulo, São Paulo, 29 ago. 2007, p. E9. [Adaptado].

3. Minha segunda vida
O trabalho de parto durou mais de uma hora. Foi o tempo que passei na burocracia do site www.secondlife.com, no qual cadastrei o meu e-mail, alguns dados pessoais e escolhi o tipo de conta (são duas: a básica, grátis, e a premium, que prevê mensalidade de US$ 9 e dá direito a uma mesada em linden dólares, a moeda local). Escolhi um nome e sobrenome para o meu avatar - o personagem que me representa dentro da tela - e gravei um software em meu computador. A partir do próximo parágrafo, o avatar é quem escreve. O estilo dele é meio rebuscado, como o dos escritores de viagem de antigamente. A seu modo, relata uma viagem a um mundo virtual, com seus códigos próprios, alguns tão estranhos quanto os da Lilliput, do escritor irlandês Jonathan Swift. No barulho difuso, no espetáculo de cores e formas estranhas, na luz que aparece de súbito - tudo remete a um nascimento. Não houve choro, mas alguns segundos de silêncio, como se a respiração não viesse fácil. Veio, afinal. Estou na Orientation Island, a maternidade do Second Life. Como eu, dezenas de pessoas se materializam neste lugar a cada instante. Estão nascendo de novo. Escolheram um sexo, um nome e um sobrenome. Aqui são todos parecidos. Como os bebês. Começam a andar e tropeçam. Depois descobrem a fala e mexem no que está ao redor. Então, aprendem a voar. O que torna a segunda vida interessante não é visitar lugares. Para ser feliz em Second Life, é preciso ter respeito e poder. Poder e respeito. Todos querem ser a próxima Anshe Chung, a avatar de origem chinesa que ganhou o primeiro milhão de dólares reais vendendo terrenos irreais.
ÉPOCA, São Paulo, n. 461, 19 mar. 2007, p. 188-193. [Adaptado].

4. O que se entende por consciência? A capacidade humana para conhecer, para saber o que sabe que conhece. A consciência é um conhecimento (das coisas e de si) e um conhecimento do conhecimento (reflexão). Do ponto de vista psicológico, a consciência é o sentimento de nossa própria identidade: é o "eu", um fluxo temporal de estados corporais e mentais, que retém o passado na memória, percebe o presente pela atenção e espera o futuro pela imaginação e pelo pensamento. O "eu" é o centro ou a unidade de todos esses estados. Do ponto de vista ético e moral, a consciência é a espontaneidade livre e racional, para escolher, deliberar e agir conforme à liberdade, aos direitos alheios e ao dever. É a "pessoa" dotada de vontade livre e de responsabilidade. Do ponto de vista político, a consciência é o "cidadão", isto é, tanto o indivíduo situado no tecido das relações sociais, como portador de direitos e deveres, relacionando-se com a esfera pública do poder e das leis, quanto o membro de uma classe social, definido por sua situação e posição nessa classe, portador e defensor de interesses específicos de seu grupo. A consciência moral (a pessoa) e a consciência política (o cidadão) formam-se pelas relações entre as vivências do "eu" e os valores e as instituições de sua sociedade ou de sua cultura. O EU é uma vivência e uma experiência que se realiza por comportamentos; a "pessoa" e o "cidadão" são a consciência como agente (moral e político).
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 1999. p. 117-118.

5. No mundo da internet, nem tudo é livre como se imagina. Apesar do popularíssimo YouTube - onde todos podem colocar o vídeo que quiserem - e das comunidades MySpace e Facebook, lotadas de gente de qualquer credo, raça, preferência sexual e status social, a pedida hoje é ser aceito em clubes on-lines exclusivos. Pedida entre os bem-nascidos, diga-se. No dia 10 de outubro, passa a funcionar o Diamond Lounge, um lugar reservado a quem tem dinheiro, fama e beleza. Difícil? Sim, difícil mesmo. Para entrar no clube, não é necessário que o candidato a membro seja milionário - Ufa! - mas, quem não tiver um mínimo de sofisticação ou glamour não deve bater à porta. Os novos integrantes são indicados por alguns dos figurões inclusos em uma seleta lista de 1.500 convidados ou têm de submeter seus "currículos" à aprovação de um comitê. O Diamond Lounge é uma espécie de Orkut dos Vips, mas também funcionará off-line. Serão oferecidas festas e eventos de negócios para seus requintados associados.
ISTOÉ, São Paulo, n. 1976, 12 set. 2007, p. 63. [Adaptado].

6. Eu sou uma hacker! Estudo de manhã, passo a tarde inteira na faculdade e chego em casa por volta das 8 horas da noite, esgotada, querendo cama e travesseiro. Ainda dou uma morgadinha antes da mutação. No silêncio da madrugada quando toda minha família está capotada, eu me transformo numa pirata da internet. Ao meu lado uma caneca de café forte e amargo não dá chance para o sono. O único barulho que se ouve é o do teclado. Às vezes penso por que faço isso. Poderia dormir mais tempo, evitar as olheiras, levar uma vida mais saudável. Mas esse "mea-culpa" termina assim que ligo a máquina. A trama, a estratégia, a organização, a execução. É tudo muito excitante. Sou do bem. O hacker verdadeiro é do bem, uma pessoa curiosa. Eu me defino como uma pichadora on-line - termo que a categoria rejeita com fúria. Mas num passado recente, a adrenalina manchou minha ficha cadastral. Até já perdi a conta das vezes que implorei perdão a Deus. Rezei à beça, juro! Na pele de um cracker, o hacker do mal, cometi um roubo virtual, roubei um cartão de crédito. Sem pedir licença, entrei no computador de um cara, fucei a vida dele e, por fim, surrupiei o número de seu cartão para comprar uma coleção de CDs de música clássica, no valor de 400 reais. Crime virtual. Eu roubei um cartão de crédito.
Disponível em: . Acesso em: 21 set. 2008. [Adaptado].

7. No ciberespaço o sujeito libera-se das coerções da identidade, metamorfoseia-se, de forma provisória ou permanente, no que ele quer, sem temer que o real o desminta. Sem rosto, não corre mais o risco, sem poder ser visto, está livre de toda responsabilidade, tendo agora apenas uma identidade volátil. Não há mais o risco de ser traído ou reconhecido por seu corpo. A rede favorece uma pluralidade de "eus", o jogo libera-o de qualquer responsabilidade e favorece a todo instante a possibilidade de desaparecer. A identidade é uma sucessão de "eus" provisórios, um disco rígido que contém uma série de arquivos que podem ser acessados ao sabor das circunstâncias. É uma máscara formidável, isto é, um estímulo ao relaxamento de toda civilidade. Toda responsabilidade desaparece. Um crime virtual não deixa vestígios. O ciberespaço é instrumento da multiplicação de si, uma prótese da existência.
NOVAES, A. O homem-máquina: a ciência manipula o corpo. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. p. 130.

8. Os ponteiros dos quatro mil relógios elétricos das quatro mil salas do Centro de Bloomsbury marcavam duas horas e vinte e sete minutos. "Esta colmeia industriosa", como gostava de chamar-lhe o diretor, estava em pleno zumbido de trabalho. Todos esperavam ocupados, tudo se achava em movimento ordenado. Sob os microscópios, com as longas caudas a agitar-se furiosamente, os espermatozoides insinuavam-se de cabeça nos óvulos; e estes, fecundados, dilatavam-se, segmentavam-se ou, se eram bokanoviskzados, germinavam e fragmentavam-se em populações inteiras de embriões. Da sala de Predestinação Social, as escadas rolantes desciam ruidosas ao subsolo e ali, na penumbra vermelha, aquecendo-se em seu colchão de peritônio, saciados de pseudo-sangue e de hormônios, os fetos cresciam, cresciam; ou, envenenados, estiolavam-se num estado de Ípsilons. Com um pequeno zumbido, um ligeiro matraquear, os porta-garrafas móveis percorriam, num movimento imperceptível, as semanas e todas as idades recapituladas, até o lugar em que, na Sala de Decantação, os bebês lançado recém-lançado-saídos dos bocais soltavam seu primeiro vagido de horror e de espanto. [...] Acima deles, em dez andares sucessivos de dormitórios, os meninos e meninas ainda bastante novos para precisarem de uma sesta, estavam, embora não suspeitassem, tão ocupados quanto os outros, pois inconscientemente ouviam lições hipnopédicas sobre higiene e sociabilidade, sobre a consciência de classe e a vida amorosa dos pequeninos.
HUXLEY, Aldous. Admirável mundo novo. São Paulo: Globo, 2005. p. 179-180.

    CONTO FANTÁSTICO

            O conto fantástico é um gênero que segue a mesma estrutura do gênero conto - apresentação, complicação, clímax e desfecho. A narrativa do conto fantástico se estrutura de forma a criar expectativa e suspense, suscitando no leitor um estranhamento provocado pela oposição entre o natural e o sobrenatural, mediante acontecimentos estranhos, bizarros e fora do comum.
            Tendo em vista essas explicações, escreva um conto fantástico no qual o protagonista seja um usuário do Second Life (uma pessoa que assume uma outra identidade no mundo virtual) e que resolve fazer uma viagem pelo espaço virtual. A história que você vai criar deve apresentar o estranhamento da personagem (ou personagens) nascendo diante de um novo mundo, que tem seus encantos e problemas. A trama deve ser construída por meio de aventuras que girem em torno da construção da nova identidade e da convivência com outros habitantes desse universo. Conte como as relações sociais são estabelecidas nesse mundo virtual, considerando-se os papéis assumidos pelas personagens. Elabore motivações convincentes para a situação fantástica construída e para as ações das personagens, evidenciando suas convicções, desejos e crenças.


2. (UFG- Adaptado)

Tema: Memória: constitutiva do homem e formadora da identidade social

                                    Coletânea

Uma memória coletiva se desenvolve a partir de laços de convivência familiares, escolares, profissionais. [...] Que interesse terão tais elementos para a geração atual? [...] Por muito que deva à memória coletiva é o indivíduo que recorda. Ele é o memorizador e das camadas do passado a que tem acesso pode reter objetos que são, para ele, e só para ele, significativos dentro de um tesouro comum. [...] Se a memória da infância e dos primeiros contatos com o mundo se aproxima, pela sua força e espontaneidade, da pura evocação, a lembrança dos fatos públicos acusa, muitas vezes, um pronunciado sabor de convenção. [...] Na memória política, os juízos de valor intervêm com mais insistência. O sujeito não se contenta em narrar como testemunha histórica "neutra". Ele quer também julgar, marcando bem o lado em que estava naquela altura da História, e reafirmando sua posição ou matizando-a.
A memória dos acontecimentos políticos suscita uma palavra presa à situação concreta do sujeito. O primeiro passo para abordá-la, parece, portanto, ser aquele que leve em conta a localização de classes e a profissão de quem está lembrando para compreender melhor a formação do seu ponto de vista. [...] Há um modo de viver os fatos da História, um modo de sofrê-los na carne que os torna indeléveis e os mistura com o cotidiano, a tal ponto que já não seria fácil distinguir a memória histórica da memória familiar e pessoal.
            Bosi, E. "Memória e sociedade: lembranças de velhos". São Paulo: Edusp, 1987, p. 332-333, 371-385.

A campanha de salvamento de Abu Simbel, alto Egito, foi fundamental para a consolidação do conceito de patrimônio mundial, difundindo em todo o mundo a ideia de que a responsabilidade pela preservação dos grandes monumentos - os tesouros do patrimônio mundial - não toca apenas aos países onde eles se situam, mas sim a todos os povos da terra, sem exceção.
            "PLANETA", n0. 395. São Paulo, ago. 2005, p. 45. [Adaptado]

[...] Já faz tempo eu vi você na rua / Cabelo ao vento, gente jovem reunida / Na parede da memória essa lembrança é o quadro que dói mais / Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo o que fizemos / Ainda somos os mesmos e vivemos / Como nossos pais [...]
            BELCHIOR. "Como nossos pais". Intérprete: REGINA, E. "O mito". São Paulo: Universal Music, 1995. 1 CD. Faixa 3.

Baú de recordações. A professora aposentada Neuza Guerreiro de Carvalho (foto) guarda as memórias de seus 75 anos de vida em três baús e em dezenas de livros. Ali estão registros escritos, fotografias e objetos que contam não só a história de sua existência mas também a dos familiares que a antecederam e a sucederam e ainda a da cidade em que sempre viveu, São Paulo. A lembrança mais remota que conserva? "Uma caixinha que era do meu pai", diz ela, e, do fundo do baú que leva o nome "Memórias e Histórias", saca a caixinha cuidadosamente embalada para que dure por muitos anos. [...]
Gosto do passado. Década de 50. Numa casa pobre, do bairro de Remédios, SP, crianças olham a chuva cair lá fora. Irene é uma delas. Do fogão à lenha sobe o cheiro de alho frito. O aroma perfuma a tarde. O avô de Irene faz miga, comida espanhola conhecida em Portugal como sopa de pão. A tropa mirim se aquieta. [...] "Era aniversário do meu marido e eu estava servindo uma receita russa quando me lembrei da miga", conta a dona-de-casa Irene Cavallini, 61. Correu e incluiu a passagem no livro "No vão da escada", que publicou independentemente após fazer o curso "Resgatando e escrevendo suas memórias", do Colégio Santa Maria, SP. [...] "Resgatar a própria história é um modo de se redescobrir e de registrar quem você é", diz Maria Aldina Galfo, professora do curso.
            "FOLHA DE S. PAULO". São Paulo, 8 set. 2005, p. 8. Equilíbrio. [Adaptado].

Imagine se existisse uma pílula da memória. Apenas um simples comprimido seria suficiente para não esquecermos nunca mais a data de aniversário do avô ou todos os detalhes daquela viagem de verão. Pois essa milagrosa invenção já está sendo desenvolvida por cientistas da Universidade da Califórnia, que afirmaram à revista "New Scientist" que ela poderia ser usada na recuperação de pessoas em estado de cansaço, no tratamento de pacientes com Alzheimer e até mesmo para aumentar o desempenho de pessoas saudáveis.
            "FOLHA DE S. PAULO". São Paulo, 8 set. 2005, p. 6. Equilíbrio.

E se pudéssemos tomar um remédio que nos ajudasse a esquecer? Uma notícia divulgada no final de julho na revista científica "Nature" revelou que um grupo de psiquiatras nos EUA acredita que drogas do tipo bloqueadores beta, utilizadas largamente para tratar hipertensão, agem "apagando memórias ruins", se administradas no momento certo. [...] Conta o psiquiatra Frederico Graeff, da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto: "a droga não faz esquecer um trauma, o que pode fazer é barrar um fluxo emocional excessivo, a pessoa não revive os sentimentos". "O bloqueador beta inibe a ação da adrenalina e sua 'prima' no cérebro, a noradrenalina. Se você tem uma experiência emocionalmente estimulante, você vai liberar essas substâncias no corpo e no cérebro, e elas têm o papel de determinar o quão fortemente as memórias serão lembradas. O bloqueador beta barra a ação delas e enfraquece as memórias", detalha James Mc- Gaugh.
            "GALILEU". São Paulo, set. 2005, n0. 170, p. 37-38. [Adaptado].

Preservar a vida é o mais arraigado dos instintos. Na evolução das espécies, a seleção natural cuidou de eliminar os incapazes de defendê-la com unhas e dentes.
            Os seres humanos não constituem exceção, mas, pelo fato de sermos animais racionais, aceitamos determinados limites para a duração da existência; mantê-la a qualquer custo não nos parece sensato. A perda irreversível da memória configura uma dessas situações. Incapazes de lembrar quem somos e de entender o que se passa a nossa volta, de que vale a condição humana?
            VARELLA, D. A memória da velhice. "Folha de S. Paulo". São Paulo, 3 set. 2005, p. E12.

Atualmente, é triste a constatação de que há pouca gente sensível à manutenção de nossos monumentos, sensível à arquitetura produzida por nossos antepassados nessa cidade. [...] Infelizmente, atualmente o descaso com esse patrimônio vem se tornando prática comum: a regra é pô-lo abaixo. O que torna tudo pior é que em seu lugar surgem invariavelmente construções pioradas em todos os sentidos: estética, funcional ou economicamente. A situação é mais dramática no Centro da cidade, região em que os edifícios têm maior valor histórico e mesmo arquitetônico. Pois ali casas, sobrados e edifícios são postos abaixo para dar lugar a construções provisórias, barracões, puxados ou mesmo a meros estacionamentos.
            UNES, W. "Identidade art déco de Goiânia". São Paulo: Ateliê Editorial; Goiânia: Editora da UFG, 2001, p. 20-21. [Adaptado].

Se o mundo do futuro se abre para a imaginação, mas não nos pertence mais, o mundo do passado é aquele no qual, recorrendo a nossas lembranças, podemos buscar refúgio dentro de nós mesmos, debruçar-nos sobre nós mesmos e nele reconstruir nossa identidade. [...] O tempo da memória segue um caminho inverso ao do tempo real: quanto mais vivas as lembranças que vêm à tona de nossas recordações, mais remoto é o tempo em que os fatos ocorreram.
            BOBBIO, N. "O tempo da memória". Rio de Janeiro: Campus, 1997. Contracapa.

(Tudo é sombra de sombras, com certeza [...]
Vão-se as datas e as letras eruditas / na pedra e na alma, sob etéreos ventos, / em lúcidas venturas e desditas.
E são todas as coisas uns momentos / de perdulária fantasmagoria, / - jogo de fugas e aparecimentos).
Das grotas de ouro à extrema escadaria, / por asas de memória e de saudade, / com o pó do chão meu sonho confundia.
            MEIRELES, C. "Romanceiro da Inconfidência". Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999, p. 40.

CRÔNICA


A crônica pode apresentar tanto características de um texto literário quanto de um texto jornalístico. Impressões a respeito de fatos ou de situações do cotidiano são recriadas em um texto que objetiva divertir o leitor e/ou trazer uma análise crítica. Nesse gênero, predominantemente narrativo-expositivo, o narrador pode ser participante ou não da história. Imagine que você tenha tomado uma pílula recém-lançada no mercado e isso gerou consequências nas suas relações sociais (na família, no trabalho, na vida afetiva etc), pois entre os efeitos da pílula, que age na memória, podem estar a lembrança e/ou o esquecimento de fatos e pessoas interessantes. A partir dessa situação, escreva uma crônica para ser publicada em um jornal de circulação local, considerando que a perda ou a recuperação da memória pode influenciar a construção de sua identidade.





2 comentários:

Anônimo disse...

Uma dos meus tipos de textos favoritos são as crônicas. Elas representam, muitas vezes, a conduta da sociedade através do dia-a-dia. Gosto muito das crônicas do Ivan Angelo, apesar de ele ser bastante preconceituoso sobre a classe baixa, é muito interressante como ele denomina as pessoas ao seu redor, e como ele e subjetivo no que ele escreve.
Enfim, se o mundo fosse resumido em um texto, por favor, que seja em crônica.

Leonardo disse...

Também gosto muito de crônicas e, apesar de já ter lido algumas do Ivan Ângelo, nunca percebi esse preconceito a que você se referiu - mas não duvido.
Nelas sempre há uma lente repleta de subjetividade apontada para algo do cotidiano que passa geralmente despercebido. Por isso, a crônica também está entre os tipos de texto que prefiro.
Evoé, crônica!

QUIZ: POR QUE OU POR QUÊ?

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