PARADIGMA ESTILO ENEM –
TEMA: BULLYING
Sociedade no espelho
“O inferno são os outros” – embora o filósofo francês
contemporâneo Jean Paul Sartre não tenha utilizado essa máxima para referir-se
especificamente à violência, ela pode ser facilmente aplicada às vítimas de
intimidação sistemática provocada por indivíduos ou grupos. Nesse sentido, não
são raros os casos de agressões físicas e psicológicas testemunhadas
ostensivamente em escolas e, atualmente, veiculadas com certa frequência em
redes sociais. Sendo assim, independente de classe ou origem dos envolvidos com
o problema, tanto o bullying quanto o cyberbullying evidenciam a existência de
uma cultura de violência fortemente enraizada no universo escolar, a qual
precisa ser urgentemente combatida.
Contudo, diferente do que se costuma imaginar, eventos de
assédio moral entre crianças e adolescentes não se solucionam apenas com o
emprego de medidas punitivas. Isso porque deve-se levar em conta que pessoas
dessa faixa etária estão em processo de desenvolvimento físico, psicológico e
moral, sem dispor de consciência plena acerca das consequências dos próprios
atos. Não fosse o bastante, a exemplo do que já bem esclarece a Psicologia
Comportamental, jovens aprendem pela imitação das atitudes dos adultos e de
modelos disseminados pela mídia, somado às experiências relativas à criação de
identidade de grupo, para o qual liderança e popularidade são de extrema
importância.
Por esse motivo, são complexos os fatores que contribuem para
originar, entre jovens aparentemente inocentes, tanto algozes contumazes quanto
vítimas indefesas. Apesar disso, sabe-se que as causas do bullying envolvem
elementos bem conhecidos, como a questão da autoafirmação, da baixa autoestima,
da competitividade, dos paradigmas de beleza, da discriminação racial, da
homofobia e da gordofobia. Ou seja, é mais do que evidente que as instituições
de ensino mostram-se como um microcosmo social, a exemplo de um espelho do
ambiente no qual elas se inserem.
Assim sendo, estabeleceu-se um consenso entre pedagogos e
psicólogos: o esforço para solucionar os casos de intimidação e agressão entre
alunos passa obrigatoriamente pela ação conjunta de diretores, coordenadores,
professores e pais. Para tanto, é essencial haver aulas e dinâmicas destinadas
a trabalhar valores como empatia, compaixão e altruísmo. Ademais, tais medidas
podem ser potencializadas com a contribuição do Ministério da Educação e das
secretarias de ensino, fornecendo o material e treinamento necessários aos
educadores e membros das comunidades escolares. Somado a isso, a mídia também
pode contribuir com a sensibilização da sociedade em relação a esse tema.
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