MODELO ESTILO ENEM:
CRIANÇA E ADOLESCENTE
Um presente para o futuro
Jorge Amado, em sua renomada obra “Capitães de Areia”,
retratou o complexo universo de crianças e adolescentes obrigados a viver em
abandono nas ruas de Salvador. Presos ao
determinismo de sua condição, esses jovens protagonizam enredos de violência e
criminalidade, os quais jamais deveriam fazer parte da vida de alguém, quanto
mais de meninos e meninas que poderiam ter um futuro tão diferente. Não fosse
um espelho de uma realidade ainda tão comum no Brasil, o romance do autor
baiano, embora escrito há quase meio século, não seria tão terrivelmente
perturbador.
Se, no entanto, o drama da juventude perdida já é há tanto
tempo conhecido no país, é no mínimo razoável perguntarmo-nos por que ele ainda
não foi resolvido. A ausência de políticas públicas implementadas com esse fim
certamente deve estar entre as respostas que procuramos. Entender o problema da
criança e do adolescente como um problema familiar e não simplesmente de
segurança pública também é algo a ser considerado.
Não fosse o bastante, a situação desses jovens ainda se
agrava mais por sua condição de vulnerabilidade social, uma vez que são
incapazes de ter voz própria, diferentemente de outros segmentos da população
aptos a organizar-se e mobilizar-se para garantia e conquista de direitos.
Sendo assim, precisam de intermediários que promovam uma interlocução com a
sociedade e com o Estado e, em seu nome, esforcem-se pelo menos para que o
Estatuto da Criança e do Adolescente seja
amplamente divulgado e aplicado pelas instituições voltadas ao
atendimento destes que também são cidadãos.
Em vista disso, professores, assistentes sociais,
conselheiros tutelares e profissionais ligados às varas da infância e da
juventude, mais conscientes, portanto, da situação das crianças e adolescentes,
possuem obrigação moral de pressionar o poder executivo e judiciário para que o
ECA seja respeitado. A mídia, em um diálogo saudável com a sociedade, também
deve colocar em pauta a divulgação do conteúdo desse estatuto, principalmente
nas campanhas em que costumeiramente levanta-se a bandeira da justiça social e
do respeito à infância.
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