MODELO ESTILO ENEM – TEMA: LIXO
Face humana do lixo
O documentário “Lixo
Extraordinário”, do artista plástico Vik Muniz, revelou recentemente uma face
esquecida do universo do lixo: homens, mulheres e até crianças que retiram seu
sustento diretamente de aterros urbanos. Em condições que atentam contra a
dignidade humana, entre rejeitos, eles procuram objetos recicláveis que lhes
rendam algum dinheiro. Desse modo, ainda que não saibam, ilustram de maneira
concreta um fenômeno conhecido como reificação, ou seja, processo em que
pessoas passam a ter menos valor do que animais ou bens de consumo.
Essa lamentável realidade, no entanto, mostra-se como parte
intrínseca de um complexo sistema que, invariavelmente, envolve o crescimento
desordenado das cidades, industrialização e fomento ao consumo, compra
desenfreada de produtos - geralmente substituídos antes mesmo de se tornarem
inúteis-, bem como a falta de planejamento urbano. Para piorar, o descarte
inadequado de baterias, eletrônicos e equipamentos hospitalares e industriais
não raramente resultam em impactos ambientais graves, contaminando o solo e
lençóis freáticos com metais pesados.
Felizmente, em contrapartida, desde o final do séc. XX, com a
organização dos fóruns mundiais sobre meio ambiente, como a Eco 92, começou a
consolidar-se uma consciência ecológica mais integrada à ideia de
sustentabilidade e exploração consciente de recursos naturais e
matérias-primas. Desse modo, grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e
Curitiba colocaram em pauta também a questão do lixo e criaram, mais tarde,
suas secretarias de meio ambiente – iniciativa imitada em todo o Brasil.
Sendo assim, houve, sim, significativos avanços no que
concerne ao tema. Entretanto, é imprescindível ainda que o Ministério do Meio
Ambiente e o poder legislativo esforcem-se para criar, aprimorar e fiscalizar o
cumprimento de leis ambientais que responsabilizem empresas e indústrias pela
coleta e reciclagem de seus produtos, a exemplo do que já ocorre na Alemanha.
Somado a isso, com o empenho das secretarias de planejamento, é possível
implementar uma logística de coleta seletiva em todas as cidades, de modo a
promover uma atividade digna aos catadores. Organizados em cooperativas,
poderão integrar-se ao mercado formal de trabalho; afinal, o lixo é um produto
humano, não o contrário.
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