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7 de dez. de 2017

DISCURSO DE FORMATURA PGD - 2015


Discurso em ocasião da formatura do 3o Ano dos alunos do colégio PGD, de 2015

Caros pais, alunos, mantenedores, diretores, coordenadores e colegas professores do nosso querido colégio PGD,
Hoje é um dia especial, o dia de uma festa de partida. O dia de um adeus, que representa despedidas de muitos tipos . É um pouco triste, eu sei. E quem conviveu com esses alunos sabe também. 
É importante que saibam, meus queridos, que nem toda partida é triste, e eu não diria o contrário se não sentisse uma certa dor no coração por ter de dizer isso a vocês. 
É claro que este momento também representa conquistas. É indiscutivelmente o seu momento "shine bright like a diamond in the sky", não houve moleza, e vocês não se sentaram no pudim. Vocês merecem e devem alegrar-se. Os méritos verdadeiros não precisam de certificados. Mas fiquem tranquilos, o colégio já providenciou a documentação de vocês.
Coloquemos a situação toda dentro da seguinte alegoria. Chegamos até aqui, viemos todos: vocês, nós - professores, coordenadores, funcionários. Estamos aqui, à margem de um caudaloso rio. O percurso foi relativamente árduo; para nós, foram alguns anos; para vocês, praticamente uma vida inteira. Não há mais volta. Vocês o atravessarão, nós ficaremos. Cada um de vocês o atravessará ao seu próprio modo e, depois de atravessá-lo, se distanciará cada vez mais de suas margens seguindo um caminho muito particular; não existem receitas nem certezas: é um caminho desconhecido, ninguém o trilhou antes de você, nem poderá trilhá-lo por você. É da lei. Haverá ainda outros rios, outras travessias: o rio do estudo, da profissão, da casa dos pais, o rio do amor. Além desses, há também que se atravessar os rios interiores - tão ou mais profundos do que todos os outros rios. 
E se a vida são e serão tantas travessias, nós aqui desta margem podemos adiantar, quase em tom profético, que alguns visitantes farão parte de seu futuro. A frustração é um deles - ela nos visita em vários momentos da vida. A dor também, ela será fiel em sua missão. Ambas são inevitáveis e, certas vezes, cruéis e imprevisíveis. Fora elas - acalmem-se -, há boas notícias. Novas amizades visitarão vocês, mas deixá-las entrar será uma escolha: escolham bem. O amor também os visitará - se já não o fez -, amem com sinceridade e sabedoria. Os dilemas morais os visitarão: a escolha mais fácil nem sempre indica o melhor caminho. O tempo os visitará: quando ele chegar, tenham boas justificativas para dizer o que fizeram com ele. A crítica alheia será uma companheira: entre cascalhos, às vezes encontramos ouro, mas não vale a pena colecionar cascalhos. 
Lembrem-se de que sabedoria e inteligência têm mais a ver com aceitar e conviver com dúvidas do que se agarrar cegamente a certezas.
Saibam que seus pais e responsáveis os amam profundamente, mas as escolhas mais significativas que afetarão as vidas de vocês serão aquelas nascidas da livre consciência e da livre vontade. Não se vendam ao comodismo, sejam corajosos diante da vida. Lembrem-se da pedra alquímica, a pedra filosofal - e não me refiro a Harry Potter.
Lembram-se dela?

Eis a pedra de humilde aparência
No que concerne ao valor, nada vale
Por isso a odeiam os tolos
E mais a amam os que sabem

Não era um poema sobre pedra, era uma lição sobre cada um de nós. Toda pedra é uma estrela.

Mas falemos um pouco sobre pedras que são somente pedras. 
Nós adultos precisamos confessar, e eu confessarei por todos nós: apesar de tudo que acreditamos saber, seja das ciências, seja da vida, é chato mas necessário admitir - sabemos muitíssimo pouco até sobre nós mesmos. De fato, tateamos nossa existência. Ora somos pessimistas, ora otimistas, ora desejamos, ora não desejamos mais. A condição humana parece ter nos feito assim, inconstantes, vacilantes.
E aí é que entra a questão da pedra, e me refiro à pedra mesmo.
Lembram-se daquela que vocês fizeram de companheira durante o ano?
Meditei a respeito dela.
Bom, daqui a cem anos - e não quero deprimi-los-, não estaremos mais aqui, seremos histórias esquecidas ou contadas, seremos alguns retratos do passado. E é estranho pensar que esta pedra que não vê, não escuta, não sente, não pensa, não ama, não deseja - esta pedra tão sem graça potencialmente pode existir, do jeitinho que ela é, infinitamente mais tempo do que nós. E se ela tivesse ao menos a alegria de possuir senso de humor, agora poderia nos fitar irônica. Mas a pedra existe, sobrevive aos homens e não sabe.
A pedra nos coloca em xeque. Coloca em xeque o orgulho humano, a ciência humana e todas as nossas certezas. Esta pedra esteve na sala de vocês, ganhou olhos, nome e posição de honra. E lamento informar-lhes: ela permaneceu indiferente. 
Como matéria, embora ela não possua o refinamento dos tecidos, a função e sensibilidade dos órgãos, dos sistemas e das glândulas - em sua condição de matéria, esta pedra é superior a todos nós. Se formos sinceros conosco, teremos de admitir esse inconveniente fato. Esta pedra é indiferente ao aquecimento global e à extinção de todos os seres, inclusive da humanidade.
No entanto, agora, sendo flagrantemente humilhados por uma mera pedra sem coração, como seguir a existência que conhecemos e nos resta?
É aqui que eu proponho a leitura de uma carta de quase dois milênios, endereçada a pessoas que tinham dúvidas semelhantes às nossas. Peço que a ouçam, não em seu sentido religioso, mas filosófico. Para ouvi-la, peço ao nosso amigo Biz que nos dê o prazer de ouvi-lo tocar.
Paulo de Tarso a escreveu mais ou menos assim.

E ainda que eu fale as línguas dos homens
E fale a língua dos anjos
Se eu não tiver amor
Serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine.

E ainda que receba o dom de profecia
E o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência
E possua uma fé tamanha, capaz de transportar os montes,
Se eu não tiver amor, eu nada serei.

E ainda que eu distribua todos os meus bens em proveito dos pobres
E entregue o meu corpo para ser queimado,
Se eu não tiver amor, eu nada serei.

O amor é paciente, é benigno, não arde em ciúme, não se ufana nem se ensoberbece.
O amor não é inconveniente, não procura os próprios interesses, não se exaspera nem se ressente do mal.

Não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade.

Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

O Amor não tem fim,
Mas havendo profecias, desaparecerão.
Havendo línguas, cessarão.
Havendo ciência, passará.

Porque agora vemos em parte e em parte profetizamos.
Mas quando vier o que é perfeito, o que é em parte será aniquilado.

Quando eu era menino, falava como menino, sentia e pensava como menino.
Mas agora, homem feito, deixei de lado as coisas de menino.

Por que vemos como em um espelho: em enigmas.
Mas então veremos face a face.
Porque conheço em parte,
Mas então conhecerei como também sou conhecido.

Por ora, no entanto, restam-nos a Fé, a Esperança e o Amor
E dentre esses, o mais excelente, o mais sublime, é o Amor.

Meus queridos, não sejamos como a pedra sem vida.
Onde estivermos, procuremos amar.
O que fizermos, procuremos amar.
Procuremos amar os que estiverem à nossa volta.
Tudo o mais nos será acrescentado.

Meu muito obrigado a todos vocês!!

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