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26 de jan. de 2018

GÊNERO TEXTUAL: RESENHA

Gênero textual: Resenha  


                        O texto a seguir pertence ao gênero resenha. Como tal, possui função específica que determinará seu conteúdo, a forma de exposição de ideias, linguagem e abordagem do tema. Leia-o e procure identificar essas características.


Um gramático contra a gramática

Gilberto Scarton

“Língua e Liberdade: por uma nova concepção da língua materna e seu ensino”[1] (L&PM, 1995, 112 páginas) do gramático Celso Pedro Luft[2] traz um conjunto de ideias que subverte a ordem estabelecida no ensino da língua materna, por combater, veemente, o ensino da gramática em sala de aula.
Nos 6 pequenos capítulos que integram a obra, o gramático aborda, intencionalmente, de maneira enfática [4] o mesmo tema: a maneira tradicional e errada de ensinar a língua materna, as noções falsas de língua e gramática, a obsessão gramaticalista, inutilidade do ensino da teoria gramatical, a visão distorcida de que se ensinar a língua é se ensinar a escrever certo, o esquecimento a que se relega a prática linguística, a postura prescritiva, purista e alienada - tão comum às "aulas de português"[3].
O velho pesquisador apaixonado pelos problemas da língua, teórico de espírito lúcido e de larga formação linguística e professor de longa experiência leva o leitor a discernir com rigor gramática e comunicação: gramática natural e gramática artificial; gramática tradicional e linguística; o relativismo e o absolutismo gramatical; o saber dos falantes e o saber dos gramáticos, dos linguistas, dos professores; o ensino útil, do ensino inútil; o essencial, do irrelevante.
Essa fundamentação linguística de que lança mão - traduzida de forma simples com fim de difundir assunto tão especializado para o público em geral - sustenta a tese do Mestre, e o leitor facilmente se convence de que aprender uma língua não é tão complicado como faz ver o ensino gramaticalista tradicional[4]. É, antes de tudo, um fato natural, imanente ao ser humano; um processo espontâneo, automático, natural, inevitável, como crescer. Consciente desse poder intrínseco, dessa propensão inata pela linguagem, liberto de preconceitos e do artificialismo do ensino definitório, nomenclaturista e alienante, o aluno poderá ter a palavra, para desenvolver seu espírito crítico e para falar por si.
Embora Língua e Liberdade do professor Celso Pedro Luft não seja tão original quanto pareça ser para o grande público (pois as mesmas concepções aparecem em muitos teóricos ao longo da história), tem o mérito de reunir, numa mesma obra, convincente fundamentação que lhe sustenta a tese e atenua o choque que os leitores - vítimas do ensino tradicional - e os professores de português - teóricos, gramatiqueiros, puristas - têm ao se depararem com uma obra de um autor de gramáticas que escreve contra a gramática na sala de aula[5].

                                                                                              (Adaptado de: http://www.pucrs.br/gpt/resenha.php)

                        Observe a legenda:

[1] Citação bibliográfica.
2 Citação do autor.
3 Apresentação do conteúdo da obra analisada.
4 Emissão de opinião do resenhista – observe o advérbio “facilmente” e o verbo “se convence”.
5 Opinião conclusiva do autor.


Os trechos destacados ao longo da resenha possuem equivalentes em todo o texto, por meio de uma leitura atenta, procure encontrar:

- Outra citação bibliográfica do mesmo livro;
- Outra citação do autor;
- Mais referências sobre o conteúdo da obra;
- Mais referências sobre o autor;
- Mais trechos em que estejam evidentes os pontos de vista do resenhista (adjetivos valorativos, advérbios ou verbos por meio dos quais sejam percebidos valores do próprio resenhista).

Analisando-se a resenha, portanto, percebe-se que as diferentes informações quanto ao conteúdo da obra e quanto à avaliação do resenhista estão unidas de forma coesa, como a formar uma só trama. Não se encontram parágrafos destinados somente ao conteúdo ou apenas à crítica. Essa unidade é bastante importante em qualquer texto desse tipo.

Leia essa outra resenha e atente para a linguagem empregada:

DVD

UMA VERDADE INCONVENIENTE (An Inconvenient Truth, Estados Unidos. 2006. Paramount) - Al Gore passou décadas de sua carreira fazendo papel de chato ao falar insistentemente sobre um problema que parecia distante, o aquecimento global. Ficou com fama de bobão e, como se sabe, perdeu a eleição para George W. Bush de forma nebulosa. Enquanto a popularidade do atual presidente despenca, entretanto, a dele anda nas alturas - até em Prêmio Nobel já se fala. Tudo graças a esse bem urdido documentário sobre o tema mais caro ao ex-presidente vice-presidente-presidente: as mudanças climáticas. Envolvente, ritmado e didático sem ser condescendente, o filme chega ao DVD com dados atualizados em relação à versão vista no cinema e é um programa quase que obrigatório para quem deseja entender por que o clima anda tão louco e o que se pode fazer, no dia, para não agravar o problema.

(Revista Veja, São Paulo, 07 fev. 2007.)


CONCEITUANDO
                       
                        A resenha não se trata de um texto muito longo; dotada de título original, tem como objetivo chamar a atenção do leitor de modo a apresentar-lhe apreciações críticas e de conteúdo a respeito de uma obra científica, filosófica ou literária (resenha crítica), podendo também abarcar coletânea de textos de variados tipos (resenha temática), analisados como um todo ou individualmente. Considerando-se o universo da escrita apenas, as resenhas, portanto, são textos em 3a pessoa que se apoiam em outros textos, assim como os resumos, e que, no entanto, diferente destes, além de apresentarem de modo sucinto determinado conteúdo, ocupam-se deste último com uma abordagem na qual a opinião do resenhista recebe atenção especial. Neste aspecto, aquele que a escreve, além de apresentar os próprios pontos de vista, é capaz de influenciar a opinião alheia  quanto à determinada obra, filme etc.
                        No cotidiano, esse gênero textual costuma aparecer em jornais, revistas, sites especializados e blogs, podendo assumir até uma linguagem mais descontraída. No meio acadêmico, no entanto, privilegia-se a formalidade na abordagem do conteúdo e na construção de argumentos.
                        Embora alguns autores nomeiem algumas categorias de resenhas, em sua essência e estrutura todas apresentam os mesmos elementos:

                        - título;
                        - citação bibliográfica;
                        - citação do autor (sua biografia - opcional);
                        - apresentação sucinta do conteúdo do objeto tratado;
                        - análise e crítica do resenhista, expressando juízo de valor.

                        É importante observar que a crítica do resenhista não deve ter por base simplesmente o campo de suas impressões, pelo contrário, suas opiniões precisam ser sustentadas por argumentos que persuadam o leitor de que a tese defendida na resenha é digna de crédito, ou seja, toda resenha possui um caráter dissertativo.
                        Na crítica, costuma-se expor um ponto de vista favorável ou desfavorável ao objeto tratado, contudo não se descarta a possibilidade de relativização entre prós e contras de determinado texto ou obra.
                       
                        Sugestão de trechos:

- Com adjetivos valorativos:

a) A obra é – reveladora; importante; essencial; problemática; polêmica; descompromissada; recomendável.
b)  O autor é – enfático; modesto; contundente; desafiador; radical.
c) O estilo do autor é / a abordagem do autor é – discutível; exemplar; confuso(a); irreverente.
d)  O tema é – relevante; muito atual; pertinente; desconcertante.

- Com advérbios ou locuções adverbiais:

a) O autor escreve - com desenvoltura; ritmadamente; didaticamente; tediosamente; com originalidade.
b) É necessário ler – atentamente; analiticamente; com espírito crítico.
c) No texto, aborda-se o assunto – com audácia; com cautela; com sensibilidade.
d) O tema é tratado – de forma irreverente; de maneira convencional; de maneira preconceituosa.


                        Sugestões:

- Antes de produzir uma resenha, procure elencar de forma objetiva as informações mais relevantes do texto (O quê, Quem, Quando, Como, Onde e Por quê).

- Procure pensar em elementos do texto como: tema, intencionalidade, linguagem, aspecto biográfico do autor.

- Para as informações elencadas, procure atribuir valores positivos ou negativos sobre os quais se possa argumentar de maneira convincente.









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