MODELO ESTILO ENEM: DEFICIÊNCIA E INCLUSÃO
Por mais Helens
Helen Keller, escritora, conferencista e ativista do séc. XX,
tornou-se célebre não somente por sua obra, mas por duas peculiaridades que a
marcaram desde a infância: a cegueira e a surdez. Não fosse o empenho de sua
professora e tutora Anne Sullivan, não é difícil de imaginar que a história de
Helen seria completamente diferente, destacando-se por uma vida permeada por
preconceitos e isolamento. Diferentemente das expectativas, no entanto, ela
adquiriu autonomia e respeito graças ao fato de não ter sido reduzida às
próprias deficiências, mas estimulada em suas potencialidades.
É triste constatar, contudo, que esse é um caso de raríssima
exceção. Isso porque, a deficiência, de um modo geral, fosse física ou mental,
frequentemente, até bem pouco tempo, estava fadada a outro tipo de tratamento.
No livro “Holocausto Brasileiro”, por exemplo, por meio de documentação
histórica, ficaram evidentes os maus tratos e condições desumanas a que eram
submetidos pacientes dos mais variados diagnósticos. No hospital-colônia do
Juqueri, em Franco da Rocha, também não foi diferente. Sessões de eletrochoques
eram constantes para os internos. Passar fome e frio era rotina.
Apesar de inúmeras denúncias de médicos e da imprensa sobre
as práticas dessas instituições desde meados do século passado, só a partir de
2004 essa realidade passou a se transformar no Brasil – começava a luta
antimanicomial, graças ao engajamento de médicos, advogados e ativistas dos
direitos humanos. Fecharam-se clínicas e hospitais de condutas reprováveis,
substituindo-os pelas chamadas casas terapêuticas. Os deficientes e pacientes
psiquiátricos passaram a ser pensados em uma nova perspectiva: iniciou-se a
elaboração de um Estatuto do Deficiente.
Sendo assim, atualmente já se reconhece a necessidade de se
respeitar o deficiente, embora este ainda seja associado de modo simplista ao
cego, surdo ou cadeirante. Para que se superem os estereótipos e preconceitos,
portanto, é essencial haver um esforço dos ministérios da Cidadania e da
Educação, no sentido de informar a sociedade e formar educadores habilitados a
lidar com esse segmento da população.
Desse modo, será possível repensar o espaço urbano, a fim de que ele se
torne mais inclusivo, e as instituições e empresas, para que considerem os
potenciais escondidos por trás das deficiências. Assim, será possível viver em
uma sociedade renovada, menos cega ou surda à dignidade do deficiente.
2 comentários:
Oie
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