PROPOSTA: TECNOLOGIAS E SEUS DESAFIOS
Cadê
meu celular?
Pessoas que sofrem de nomofobia deixam o celular ligado 24 horas por dia, sentem-se rejeitadas quando ninguém lhes telefona e enfrentam síndrome de abstinência quando estão sem o aparelho. O problema pode estar ligado a outros transtornos, como ansiedade e depressão.
Há pessoas que não conseguem
ficar sem o celular nem por um instante, pois entram num estado de profunda
ansiedade e angústia quando se veem sem o aparelho, quando ficam sem créditos
ou com a bateria no fim. A necessidade de estar conectado ultrapassa todos os
limites. Uma pesquisa feita no The Royal Post, na Inglaterra, mostrou que 58%
dos britânicos e 48% das britânicas sofrem de nomofobia. O nome vem do inglês
no + mobile + fobia, ou seja, "fobia de permanecer sem conexão
móvel", que inclui internet e celular. Essas pessoas não saem de casa sem o
celular, mantêm o telefone ligado 24 horas por dia e sentem ansiedade quando o
esquecem em casa. Antes de dormir, programam o telefone com o número do médico,
do psicólogo e dos hospitais registrados em ordem por uma numeração específica,
para o caso de ser necessário. Elas apenas precisariam apertar a tecla
correspondente ao atendimento e logo encontrariam a providência desejada. Elas
ainda se sentem rejeitadas quando ninguém lhes telefona ou quando percebem que
os amigos recebem mais ligações do que elas. Quando ficam sem bateria ou fora
da área de cobertura, se sentem ansiosas, angustiadas e inseguras.
Para a psicóloga Sylvia van
Enck, do Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso, da USP, a nomofobia
é um transtorno do controle dos impulsos com um forte componente de ansiedade
generalizada. Alguém que apresenta algum transtorno no controle dos impulsos
tem dificuldade para resistir à tentação de executar um ato que possa vir a ser
prejudicial para si ou para os outros e obtém alívio e diminuição da tensão
emocional e física quando a ação é executada. "O transtorno de ansiedade
faz parte da caracterização dos transtornos no controle dos impulsos e, neste
caso, a pessoa é acometida por uma apreensão negativa em relação aos eventos
futuros, provocando sensações de inquietação psíquica e sintomas físicos
desagradáveis", diz a psicóloga.
Não é fácil se
"desplugar" do celular, uma vez que, na sociedade tecnológica, o
aparelho é sinônimo de status e inclusão social. "Podemos entender que o
uso do aparelho celular, mesmo que não excessivo, especialmente em relação à
população jovem, esteja relacionado aos aspectos de inclusão social e
conectividade entre os amigos. Por outro lado, com o avanço dos recursos
tecnológicos, adquirir um aparelho cada vez mais sofisticado confere status
econômico e social, o que pode estar relacionado à busca de reafirmação da
identidade psicológica dos adolescentes nesta fase da vida", analisa
Sylvia. O mercado oferece uma infinidade de aparelhos, e é difícil resistir à
tentação de adquirir o mais novo modelo. Cada vez mais a população jovem,
incluindo crianças, está cedendo às pressões do mercado com a ajuda dos pais.
Mas a psicóloga alerta: "Há um risco no desenvolvimento da insegurança
pessoal que pode ser também o reflexo da insegurança dos pais, que precisam
sempre ter notícias do paradeiro dos filhos. Outro aspecto a ser considerado é
a diminuição na resistência à frustração diante da espera de um contato ou do
silêncio do outro, gerando ansiedade e angústia, as quais, se não controladas,
podem desencadear comportamentos agressivos, reflexos da intolerância gerada
pela nomofobia", diz Sylvia.
Revista Psique (06/2015).
TEXTO 2
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Escreva uma
dissertação de estilo ENEM para o seguinte tema: Celular: os desafios por trás
de um simples aparelho.
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