MODELO ESTILO ENEM: MOBILIDADE
URBANA
Sobre artérias e colapsos
Os antigos
romanos não ignoravam a importância de se planejar uma cidade, que deveria ser organizada
para atender a necessidades como gestão, comércio e defesa. Assim, criou-se a
analogia entre o espaço urbano e um organismo vivo, no qual a cabeça seriam as
instituições administrativas e judiciais; o coração, a praça e os templos; o
estômago, o mercado; os membros, o exército; e, por fim, as artérias corresponderiam
às ruas e vias. Nessa perspectiva, se transpusermos tal alegoria para
atualidade, constataremos sem dificuldade que muitos municípios brasileiros têm
adoecido sistematicamente.
Nesse sentido, São Paulo mostra-se como irrefutável
exemplo de cidade à beira de um colapso. Tendo crescido desordenadamente, sem um
Plano Diretor, faz diariamente seus habitantes reféns de longos
congestionamentos, do desconforto e ineficiência tanto do transporte público
como de serviços que dependem de ágil locomoção, como polícia, bombeiros e ambulâncias.
Em uma equação cruel: perde-se tempo, qualidade de vida e oportunidades de
desenvolvimento; cresce o mal-estar geral da população.
Em contrapartida,
é forçoso admitir que o problema não se deve só à falta de planejamento, mas,
sim, ao modelo de mobilidade adotado a partir do governo de JK, em meados do séc.
XX. Ao priorizar o estabelecimento de grandes montadoras no país, como Ford e
Chevrolet, inviabilizou-se o investimento em bondes – atuais VLTs-, trens, ciclovias e projetos urbanos que
aproximassem a moradia dos cidadãos de seus locais de trabalho. Assim, até
mesmo Brasília, sendo uma cidade planejada, revela-se totalmente excludente
àqueles que não dispõem de um veículo particular.
Sendo assim,
é evidente que nosso atual sistema de mobilidade precisa ser reformulado.
Felizmente, podemos contar com exemplos bem-sucedidos empregados em Londres,
Paris, Nova Iorque e Amsterdã, que investem em modais alternativos de
locomoção. Nessa perspectiva, o Ministério das Cidades e as secretarias
municipais de planejamento devem estudar como investir na capilaridade,
conforto e eficiência das linhas de ônibus, na implantação de VLTs e ciclovias,
bem como na integração entre esses transportes. Dessa forma, com artérias mais
saudáveis, todo o corpo será beneficiado.
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