Zeitgeist,
internet e cultura de massa
O
conceito de Zeitgeist ou “espírito de uma época” fatalmente dá-nos o que
pensar. Sem dúvida, a internet fundou uma nova era e, consequentemente, um novo
espírito. Assim, um conceito há muito conhecido das Ciências Sociais deixou de
servir para descrever um fenômeno histórico e sociológico para tornar-se
expressão de acusação de grupos cuja voz reverbera sobretudo no indômito espaço
digital. Refiro-me ao termo apropriação cultural.
É
nesse contexto que Coldplay, Beyoncé, Selena Gomez – no âmbito internacional –
e a cantora Anitta, no Brasil, por exemplo, receberam duras críticas. Contudo,
é interessante observar que tanto a banda inglesa quanto as cantoras
representam o universo da música pop, conhecida pela característica de mesclar
elementos culturais de diferentes matrizes. Esse mesmo gênero musical também
possui íntimas relações com a chamada cultura de massa, responsável por
conquistar públicos de milhões de pessoas, dentre as quais internautas de todo
o mundo.
Sendo
assim, ainda que muitas críticas sejam válidas e dignas de discussão, outras
são discutíveis, uma vez que elementos culturais semelhantes surgem em
diferentes culturas e com diferentes significados, de modo a invalidar, em
muitos casos, a ideia de que existe exatamente um grupo que detenha o monopólio
de uma expressão cultural. Só para citar um clássico exemplo motivo de
polêmica, o turbante utilizado no Candomblé com um significado específico, é
apenas um utensílio para o povo berbere do deserto, para muçulmanos, no oriente
médio, e pode ter diferentes significados na Índia.
A
essa questão, soma-se outra que não pode ser ignorada. Não somente eu como
você, leitor, vivemos em uma sociedade de consumo globalizada, na qual desde
objetos até ideias transformam-se em produtos, mercadoria, que selecionamos
conforme nossos gostos. Nesse sentido, não costumamos nos perguntar se o uso
desse símbolo ou aquele adereço, ou mesmo aquela palavra ou conceito, foi
apropriado de uma minoria e esvaziado de sentido. Fazê-lo seria tornar a vida
contemporânea quase impraticável. Assim, o único modo de protestar contra a
cultura de massa seria deixar de consumi-la. Faço, portanto, o convite, quem
estiver disposto fique à vontade para desligar seus televisores e
desconectar-se da internet.
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Um comentário:
https://youtu.be/XrH4MzQygTU
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