MODERNISMO – 2ª GERAÇÃO
Fase da Construção ou Reconstrução
Contexto Histórico – 1930 – 1945
- Quebra da bolsa de Nova Iorque - 1929
- Ascensão do Fascismo na Europa
- Guerra Civil espanhola – Ditadura de Franco
- Ditadura de Salazar – Portugal
- Mussolini - Itália
- Terceiro Reich – Nazismo
- Fim da República Velha -1930 – Era Vargas – Golpe de
Estado
- Revolução Constitucionalista – 1932
- Segunda Guerra Mundial
- Bomba Atômica
Características Gerais:
- Temática intimista:
Eu frente ao mundo – Existencialismo e Subjetividade
- Temática social:
Fenômenos sociais vividos por personagens emblemáticos
Expressões Literárias: Prosa e Poesia
PROSA DE FICÇÃO
Prosa: Regionalista / Urbana / Intimista
Grupo Regionalista (ou Nordestino) – Influência de Gilberto
Freyre
Regional – Universal
Realidade social nordestina e outras – Sul e Norte
Destaque para Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, José
Lins do Rego e Jorge Amado
Graciliano Ramos (1892 – 1953)
- Alagoas
- Tipógrafo, comerciante, prefeito, jornalista
- Preso em 1936
- Falece em visita a URSS
Algumas obras:
Caetés (1933)
São Bernardo (1934)
Angústia (1936)
Vidas Secas (1938)
Dois Dedos (1945)
Insônia (1945)
Histórias Incompletas (1946)
Memórias do Cárcere (1953)
José Lins do Rego (1901 – 1957)
- Paraíba
- Graduou-se em Direito no Recife – Promotor em MG,
Alagoas, Rio de Janeiro
- Obra dividida em Ciclo da Cana-de-Açúcar e Ciclo do
Cangaço, Misticismo e Seca
Ciclo da Cana-de-Açúcar: Menino de Engenho, Doidinho,
Banguê, Fogo Morto, Usina
Ciclo do Cangaço: Pedra Bonita e Cangaceiros
Outras obras:
Riacho Doce
Eurídice
Rachel de Queiroz (1910 – 2003)
- Fortaleza – Ceará
- Jornalista
Algumas obras:
- O Quinze (seca de 1915)
- João Miguel
- Caminho de Pedras
- As Três Marias
- Dora, Doralina
- Memorial de Maria Moura
Outras obras: teatro e crônicas (temática: política,
cotidiano e papel da mulher)
Jorge Amado (1912 – 2001)
- Bahia
- Estudou Direito e atuou como jornalista
- Devido a questões políticas é preso em 1936
- Entre 1941 e 1943 – Buenos Aires
- 1945 – Deputado Federal em São Paulo
- 1947 - França
Algumas obras:
- Jubiabá
- Mar Morto
- Capitães de Areia
- Terras do Sem-Fim
- A morte e a morte de Quincas Berro D’Água
- Gabriela Cravo e Canela
- Dona Flor e seus dois maridos
Érico Veríssimo (1905 – 1975)
- Rio Grande do Sul
- Bancário e sócio em uma farmácia
- Secretário e redator da Revista do Globo
- Literatura e tradução
Algumas obras:
- Caminhos Cruzados
- Música ao Longe
- Um Lugar ao Sol
- Olhai os Lírios do Campo
- O Tempo e o Vento
- Incidente em Antares
POESIA
Carlos Drummond de Andrade (1902 – 1987)
- Itabira – MG
- Graduou-se em Farmácia
- Professor de Português e Geografia
- Jornalista e funcionário público
- Oficial de gabinete do Ministério da Educação
Algumas obras (Poesia):
- Alguma Poesia
- Brejo das Almas
- Sentimento do Mundo
- A Rosa do Povo
- Claro Enigma
- Lição de Coisas
(Aspectos intimistas e sociais – do particular ao
universal)
POEMA
DAS SETE FACES
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode,
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
INFÂNCIA
Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.
Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia
Eu sozinho, menino entre mangueiras
lia história de Robinson Crusoé,
comprida história que não acaba mais.
No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
a ninar nos longes da senzala - e nunca se esqueceu
chamava para o café.
café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom
Minha mãe ficava sentada cosendo
olhando para mim:
- Psiu... não corde o menino.
Para o berço onde pousou um mosquito
E dava um suspiro... que fundo !
Lá longe meu pai campeava
no mato sem fim da fazenda.
E eu não sabia que minha história
era mais bonita que a de Robinson Crusoé.
Vinícius de Moraes (1913 – 1980)
- Graduou-se em Direito
- Crítico, censor cinematográfico, jornalista e diplomata.
Algumas obras (poesia):
- Novos Poemas
- Elegias
- Pátria Minha
Temas: matéria vs. espírito; amor; desejo; cotidiano;
questões políticas.
SONETO
DE FIDELIDADE
São Paulo , 1946
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Estoril, outubro de
1939
A ROSA
DE HIROXIMA
Rio de Janeiro , 1954
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.
Cecília Meireles (1901 – 1964)
- Rio de Janeiro
- Professora, escritora e jornalista
- Escreve ensaios, antologias, biografias, literatura
infantil e adulta
Algumas obras:
- Mar Absoluto
- Romanceiro da Inconfidência
- Canções
- Giroflé, Giroflá
- Ou isto ou aquilo
RETRATO
Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
A minha face?
MOTIVO
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.
Liberdade essa palavra, que o sonho humano alimenta, não há
ninguém que explique, e não há ninguém que não entenda.
("Romanceiro da
Inconfidência)
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