MODELO
Professor
em Domicílio
Felizmente, o ensino domiciliar, combinado ao EaD,
desempenhou relevante papel no processo de formação de crianças e jovens em
países como Noruega, Suécia e Inglaterra, sobretudo após a Segunda Guerra
Mundial. Essa prática, contando com a didática desenvolvida para o aprendizado
por correspondência e também com recursos como rádio e TV, foi imprescindível
para que alunos de zonas rurais e com obstáculos gerados por questões climáticas
adquirissem formação adequada. Contudo, é válido perguntar: seria o contexto
social brasileiro apropriado à adoção desse modelo de ensino?
Conforme se testemunhou nas duas últimas décadas,
aparentemente, sim. Isso porque duas ondas de pais já surgiram bem atuantes
nesse sentido, reivindicando o direito de instrução domiciliar de seus filhos.
A primeira, talvez mais legítima, considerava, com razão, que o ensino público
era incapaz de fornecer, de modo geral, bom grau de instrução a seus filhos. Já
a segunda onda, de caráter mais duvidoso, formada por setores extremamente
conservadores da sociedade, manifesta o desejo de apartar os filhos do convívio
com as diferenças, bem como do conhecimento de ideias e contextos plurais.
Em contrapartida, que pesem críticas a esse segundo grupo e
problematizações ao primeiro, à parte dessas demandas, o também chamado
homeschooling pode ser bastante válido, caso adotado para superação de certas barreiras.
Nesse sentido, a própria experiência atual com a Covid-19, demonstra que
estratégias institucionalizadas de ensino a distância e ensino remoto,
intermediada por professores com formação adequada, estendendo o ensino ao
ambiente doméstico, embora não seja ideal, têm relevância compensatória, ao
permitir a continuidade dos estudos em casos especiais e adversos.
É desejável, portanto, uma legislação que viabilize o
ensino domiciliar em situações restritas, a partir de demandas específicas ou
com aplicação híbrida, ou seja, junto da formação presencial, em séries adequadas.
Para tanto, o MEC deve, em conjunto com secretarias estaduais e municipais de
educação, estabelecer um currículo obrigatório ao ensino domiciliar, com
avaliações presenciais sistemáticas e frequentes, a exemplo das experiências
bem-sucedidas de outros países. Somado a isso, é imperioso se investir em
tecnologias de EaD e formação de professores para trabalhar com ensino remoto.
Assim, será possível equilibrar-se uma equação: em casa talvez, mas nunca sem
um professor.
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