PROPOSTA - TEXTO DISSERTATIVO - GUERRA DE MEMÓRIAS
Leia os textos a seguir e faça o que se pede.
TEXTO 1
‘Guerra de memórias’ é travada no prédio do Dops
Fenômeno descrito em dissertação opõe ex-presos políticos e agentes do regime militar
Débora Raiza Rocha
No dia em que o Departamento de Ordem Política e Social de Minas Gerais (Dops-MG) foi extinto, em 1989, representantes de movimentos sociais reuniram-se na porta do prédio da Avenida Afonso Pena, em Belo Horizonte, para promover o fechamento simbólico da instituição. Diretamente vinculado a denúncias de violações de direitos humanos durante a ditadura civil-militar, iniciada em 1964 e que duraria 21 anos, o Dops tornava-se, então, o foco de uma disputa por memória que opõe ex-presos políticos e familiares de dissidentes mortos e desaparecidos e agentes que negam práticas como o encarceramento e a tortura.
Esse processo foi estudado pela historiadora Débora Raiza Rocha, que concluiu mestrado em dezembro do ano passado, na Fafich. Segundo ela, após 1985, já na vigência da democracia, o prédio seguiu abrigando violações aos direitos humanos. “Sempre houve uma guerra de narrativas, e as estratégias de negação variavam da limitação do acesso à informação à ocultação de provas, passando por mudança de pautas de debate e pela utilização de eufemismos na referência aos episódios denunciados”, explica Débora Raiza.
https://ufmg.br/comunicacao/noticias/guerra-de-memorias-e-travada-no-antigo-predio-do-dops
TEXTO 2
A cúpula das Forças Armadas sempre marcou de forma solene a derrubada do governo João Goulart (Jango) em 1964. E não será diferente neste 31 de março, quando transcorrem 55 anos do golpe que levou os militares ao poder por 21 anos. A diferença está em que, pela primeira vez desde o fim do regime militar, a homenagem é estimulada pelo presidente da República. Mais do que isso. Não só Jair Bolsonaro, um capitão reformado do Exército, vê razões para comemorar, como também vários civis que o elegeram, algo raro anos atrás.
A líder do governo na Câmara dos Deputados, a jornalista Joice Hasselmann (PSL-SP), saudou nos últimos dias o 31 de março como "a retomada de uma narrativa verdadeira de nossa história". É uma mudança de discurso, já que anos atrás ela criticava as mortes ocorridas durante a ditadura militar.
Ativistas de direita decidiram usar o dia para fazer propaganda. Neste domingo (31), deve ser lançado pela produtora Brasil Paralelo o documentário 1964 – O Brasil Entre Armas e Livros. Sob o tema Ditadura, Regime Militar ou Revolução?, que prega que ocorreu uma contrarrevolução. A produtora apresenta depoimentos de quem pretende acabar com o que chama de "visão deturpada" sobre o regime militar, como o do escritor Olavo de Carvalho e o do deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-RJ), descendente da família imperial. Contrarrevolução é o mesmo termo usado pela cúpula das Forças Armadas para definir o que ocorreu em 1964, com a diferença de que os militares preferem agir com discrição e pouca celebração. O ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, determinou uma ordem do dia (texto para celebração) para explicar por que os militares derrubaram o governo. Foi, segundo o documento, um ato para por fim ao caos e evitar uma guerra civil.
É a mesma opinião de Carlos Alberto dos Santos Cruz, ministro da Secretaria de Governo, mas o general não vê necessidade de revisão histórica: — Temos de mostrar a verdade para a sociedade, mas é passado. Faz parte do contexto daquela época, não da atual.
Santos Cruz, Azevedo e outros militares do governo não negam que houve centenas de mortos e desaparecidos na disputa deflagrada pelas Forças Armadas para reprimir as guerrilhas de esquerda. Segundo o relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV), o período deixou 434 mortes e mais de 200 desaparecidos.
O que a cúpula das Forças Armadas pretende é lembrar que integrantes da esquerda armada também foram responsáveis por sangue derramado. Na conta dos militares, 117 pessoas (a maioria servidores da Segurança Pública) foram mortas.
O vice-presidente Hamilton Mourão, general da reserva, pregou conciliação ao admitir que "houve vítimas de ambos os lados" durante o regime militar. A incógnita é se Bolsonaro terá o mesmo discurso apaziguador. É entusiasta da ideia de que não houve ditadura e sim uma guerra, vencida pelos militares. A cada 31 de março, promove homenagem à derrubada de Jango.
Mourão deixou o Comando Militar do Sul em 2016 e, na despedida, lembrou que saía do cargo num dia 31 de março. "Grande data!", celebrou o general, para desagrado da então presidente Dilma Rousseff. Soou como provocação a Dilma, ex-militante de esquerda presa pelo regime militar. Em 2011, quando presidente, ela determinara que fossem proibidas nos quartéis as homenagens ao golpe de 1964.
O estopim para a determinação foi o anúncio de que o general mais prestigiado no seu governo, Augusto Heleno, tinha preparado uma palestra intitulada "A Contrarrevolução que Salvou o Brasil" para ser lida em um evento na data. A fala foi vetada pelo então ministro da Defesa, Nelson Jobim. Hoje, Augusto Heleno é braço direito do presidente Bolsonaro e ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
A ordem de Bolsonaro ganhou repercussão internacional. Na sexta-feira, o Instituto Vladimir Herzog e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) enviaram à Organização das Nações Unidas (ONU) denúncia contra o presidente por tentar "modificar a narrativa histórica do golpe que instaurou uma ditadura militar".
Além disso, um grupo de mais de cem intelectuais mundiais assinou carta pública de repúdio à determinação. O manifesto foi incluído no mandado de segurança que está sob relatoria do ministro Gilmar Mendes, no Supremo Tribunal Federal (STF), e pede a suspensão das comemorações — o ministro negou o pedido por entender não ser o foro competente.
(…)
https://www.nsctotal.com.br/noticias/bolsonaro-e-militares-tentam-reescrever-historia-sobre-1964
PROPOSTA
Escreva um texto dissertativo-argumentativo no qual você aborde o seguinte tema: O efeito das narrativas históricas no imaginário de um povo.
Utilize entre 10 e 30 linhas.
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