PROPOSTA DE DISSERTAÇÃO - SOCIEDADE DO CANSAÇO
Leia o texto de apoio e produza o que se pede:
Por que vivemos na sociedade do cansaço
Cesar Gaglioni
Para o coreano Byung-chul Han, a contemporaneidade é marcada por um excesso de positividade que culmina nas mais diversas patologias psicológicas
Em 2013, uma pesquisa realizada pelo Ibope demonstrou que 98% dos brasileiros se sentem cansados mental e fisicamente. Os jovens de 20 a 29 anos representam a maior fatia dos exaustos. A tendência aparece em outros lugares. De acordo com o Conselho Nacional de Segurança dos Estados Unidos de 2015, 43% dos trabalhadores do país dormem menos do que o período recomendado pela Fundação Nacional do Sono, ONG americana que promove a conscientização pública da importância do sono e dos distúrbios decorrentes da falta dele.
O filósofo sul-coreano Byung-chul Han se debruçou sobre o tema da exaustão e produziu o ensaio “Sociedade do cansaço”, publicado no Brasil em formato de livro pela editora Vozes. No texto, Han argumenta que cada época possui epidemias próprias, como as doenças bacteriológicas e virais que marcaram o século 20. Para ele, as patologias neurais definem o século 21 – e todas elas surgem a partir de um denominador comum: o excesso de positividade. Para Han, os males da alma surgem de um excesso de positividade presente em todas as esferas da sociedade contemporânea. Nesses discursos, predominam as mensagens de ação produtiva e as ideias de que todas as metas são alcançáveis. (...) De acordo com o filósofo, o excesso de positividade presente na contemporaneidade culmina na criação de uma “sociedade do desempenho”, um cenário em que a produtividade se torna um norte para os indivíduos. Han afirma que a sociedade do desempenho seria um contraponto à sociedade disciplinar postulada pelo filósofo francês Michel Foucault no século 20. Na sociedade disciplinar de Foucault, o indivíduo é vigiado constantemente, estando sujeito às normas locais e às punições decorrentes de qualquer tipo de desvio de conduta. “A sociedade do século 21 não é mais a sociedade disciplinar, mas uma sociedade do desempenho. Também seus habitantes não se chamam mais ‘sujeitos da obediência’. São empresários de si mesmos. (...) No lugar de proibição, mandamento ou lei, entram projeto, iniciativa e motivação. A sociedade disciplinar ainda está dominada pelo não. Sua negatividade gera loucos e delinquentes. A sociedade do desempenho, ao contrário, produz depressivos e fracassados.
Mesmo parecendo contraditórias, Han acredita que as duas premissas se complementam de certa forma. Para ele, o sujeito do desempenho é mais rápido e produtivo do que o indivíduo obediente, mas o poder se transforma em uma espécie de dever. “O poder eleva o nível de produtividade que é intencionado através da técnica disciplinar, o imperativo do dever”, afirma. (...) O cansaço de ser si mesmo (...) surge da pressão por sempre ser autêntico e produtivo, bem como da ideia difundida nos mais diversos ambientes de que nada é impossível e tudo só depende da força de vontade individual. Para Han, o cansaço de si mesmo (...) culmina numa autoexploração do indivíduo, que se entrega ao excesso de trabalho munido de um sentimento de liberdade.
Byung-chul Han também argumenta que o excesso de positividade que causa a fadiga geral se manifesta a partir de um excesso de estímulos. O multitasking, a habilidade de realizar múltiplas tarefas ao mesmo tempo, é uma das formas do excesso de estímulos. A principal consequência disso para o autor é a perda do aprofundamento contemplativo do ser humano, com os indivíduos desenvolvendo “uma atenção ampla, mas rasa, que se assemelha à atenção de um animal selvagem”. A inquietação decorrente do excesso de estímulos gera uma aversão ao tédio na sociedade, criando um cenário em que as atividades são buscadas constantemente. (...)
Link para matéria: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2019/08/27/Por-que-vivemos-na-sociedade-do-cansa%C3%A7o-segundo-este-fil%C3%B3sofo
PROPOSTA 1 - ESTILO ENEM
Produza um texto no qual você apresente o conteúdo principal da matéria publicada no Jornal Nexo, utilizando-se de paráfrases e sem copiar nenhum trecho do texto original. Em seu texto deverão constar informações que permitam ao leitor encontrar o texto original caso desejado. Utilize entre 8 e 12 linhas.
PROPOSTA 3 - CARTA DE LEITOR
Escreva ao Jornal Nexo uma carta, apresentando-se como Leitor. Mencione ter lido a matéria sobre Sociedade do Cansaço e exponha seu pensamento a respeito do tema. Procure complementar, relativizar ou contrapor-se ao tema, valendo-se de argumentos e exemplos consistentes. Seu texto, sem contar a estrutura de carta, deve possuir entre 15 e 20 linhas.
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