Gêneros e tipos textuais: Questões Discursivas
Entenda as competências avaliadas na redação do Enem
O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) exige que o
candidato redija um texto do tipo dissertativo-argumentativo, cujo tema se
relacione a questões sociais, políticas, culturais ou científicas, a partir de
uma situação-problema.
É automaticamente desconsiderada para correção pela banca
avaliadora a redação que se afastar do tema proposto ou for de encontro aos
direitos humanos e à cidadania.
São cinco as competências avaliadas na prova de redação,
conforme se verifica a seguir:
1. Demonstrar domínio da norma culta da língua escrita
Você não
precisa escrever como Machado de Assis ou Gilberto Dimenstein! Porém, é
necessário demonstrar um conhecimento mínimo de regras básicas de escrita na
nossa língua, supostamente aprendidas em 11 anos ou mais de escolaridade.
Por exemplo, atentar para a pontuação é essencial, pois uma
vírgula ou ponto final no lugar errado pode comprometer o sentido do seu texto
e dificultar a compreensão por parte do leitor (no caso, o avaliador da banca
de correção). Além do sentido, é importante lembrar que o respeito às normas
gramaticais, ainda que não seja o requisito mais importante na construção do
sentido do texto, demonstra algum grau de conhecimento a respeito da língua e
isso pode contar a seu favor.
2. Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das
várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites
estruturais do texto dissertativo-argumentativo
A
compreensão da proposta de redação já é o primeiro passo para que você possa se
sair bem na prova, uma vez que o desenvolvimento do tema apresentado torna-se
muito mais tranquilo e não há o risco de seu texto ser desconsiderado pela
banca de correção. Além disso, é preciso lembrar de que se trata de um texto em
prosa (ou seja, você não pode escrever um poema), do tipo
dissertativo-argumentativo, o que significa adotar um posicionamento crítico e
reflexivo diante de determinada questão ou expressar sua opinião de modo claro
e coerente.
Para isso,
é essencial valer-se de seu conhecimento de mundo, uma vez que se torna muito
mais difícil elaborar um texto sobre algo que você nunca ouviu falar. Daí a
importância da leitura de textos diversificados, sobretudo os jornalísticos,
para que você tenha o que dizer em sua redação.
3. Selecionar, relacionar, organizar e interpretar
informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista
Não basta
apresentar dados e informações ou mesmo expressar sua opinião ou expor
argumentos se você não for capaz de selecionar, dentre estes, aqueles que de
fato apresentam pertinência com o tema proposto.
Ademais,
além de uma seleção criteriosa de dados, informações e argumentos, é primordial
saber organizar as ideias a partir deles e apresentar a sua interpretação para
a situação-problema em questão, estabelecendo relações lógicas e coerentes e
fazendo a sua leitura da realidade, a fim de demonstrar seu ponto de vista em
relação ao tema proposto.
4. Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos
necessários para a construção da argumentação
Além da
seleção adequada dos argumentos, conforme ressaltado no item anterior, faz-se
necessário organizá-los no texto de modo lógico e coerente. Para isso, é
fundamental utilizar os chamados elementos de coesão textual ou os
organizadores argumentativos, como, por exemplo, advérbios, locuções adverbiais
e conjunções, estabelecendo relações adequadas entre termos e também entre os
parágrafos, sobretudo no desenvolvimento do texto, a fim de que o sentido seja
construído de maneira clara e objetiva.
É preciso, ainda, saber utilizar um repertório linguístico
ou vocabular adequado ao tema e aos objetivos do texto. Isso não significa, em
hipótese alguma, valer-se, de maneira desenfreada, de termos ou expressões
considerados mais rebuscados ou eruditos a fim de impressionar a banca de
correção.
Lembre-se de que os membros dessa banca são professores de
português e já estão bastante acostumados às táticas e "truques" dos
candidatos. De nada adianta valer-se desse tipo de artifício para
impressioná-los. Assim, é fácil perceber que o vocabulário escolhido deve ser
simples e direto e atender aos objetivos do texto.
5. Elaborar proposta de solução para o problema abordado,
mostrando respeito aos valores humanos e considerando a diversidade
sociocultural
Partindo-se
de uma proposta de redação que apresenta uma situação-problema, é possível
concluir que toda a construção da argumentação deve ter como objetivo a
apresentação de possíveis soluções para a questão levantada. A solução, ou
soluções, porém, deve resultar de uma relação lógica e coerente com os
argumentos, opiniões, informações e dados apresentados no desenvolvimento.
Ademais, embora seja muito difícil que isso ocorra - até
porque muitas formas de preconceitos e desrespeito aos valores humanos recebem
hoje algum tipo de sanção legal -, é aconselhável cautela diante de seu
posicionamento a respeito de determinadas questões consideradas o
calcanhar-de-aquiles das sociedades contemporâneas. Por exemplo, o preconceito
racial, social e religioso, a prática de tortura ou a apologia à violência de
qualquer espécie.
A razão é óbvia: ideias ou concepções retrógradas e pouco
ortodoxas acerca desses temas vão contra as muitas conquistas sociais,
políticas e culturais sedimentadas depois de décadas ou, até mesmo, séculos de
luta por justiça social e respeito à integridade humana.
* Nilma Guimarães é formada em letras clássicas e vernáculas
pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Cursa o mestrado
em educação pela Faculdade de Educação da USP, na área de metodologia do ensino
de língua portuguesa.
CONCEITOS
Dissertação-argumentativa
Nilma Guimarães faz referência a um tipo textual exigido
pelo ENEM, uma categoria de texto também bastante pedida em vestibulares e
concursos: a dissertação-argumentativa.
Por meio desse tipo de dissertação, procura-se construir um
ou mais conceitos, no intuito de persuadir o leitor a aderir ao ponto de vista
apresentado como tese, geralmente nos primeiros parágrafos do texto. A tese
deve ser sustentada pelo encadeamento lógico de argumentos, os quais podem ser
ilustrados por exemplos concretos ou hipotéticos. Ao final de uma
dissertação-argumentativa, espera-se uma conclusão, que, segundo o ENEM, deve
ser acompanhada de uma ou mais propostas cuja função seja a solução da
situação-problema.
A estrutura da dissertação-argumentativa divide-se
basicamente em três partes:
1- Introdução: apresentação da tese
2- Desenvolvimento: apresentação dos argumentos e construção
do raciocínio que sustenta a tese
3- Conclusão: retomada da tese, síntese dos argumentos e
proposta de ações
Na construção de uma dissertação, esperam-se, no mínimo,
três parágrafos.
Mais adiante retomaremos esse tipo textual, pois, para
escrever uma boa dissertação-argumentativa, é preciso dominar bem a
dissertação-expositiva.
Dissertação-expositiva
Expor, apresentar um tema ou fato, é mais simples que
argumentar sobre ideias. Em um texto expositivo, prioriza-se esclarecer o
leitor sobre algo já conhecido, utilizando-se uma linguagem clara e objetiva.
A dissertação-expositiva tem por prioridade apresentar
definições e constatações.
Sua estrutura básica também apresenta três partes:
1- Introdução: define-se o que é proposto pelo tema
2- Desenvolvimento: apresentam-se causas e consequências
referentes ao tema
3- Conclusão: apresenta-se uma constatação resultante do que
foi exposto no desenvolvimento
Esperam-se também, no mínimo, três parágrafos na estrutura
de uma dissertação-expositiva.
EXERCITANDO CONCEITOS
As dissertações de caráter expositivo e argumentativo são
marcadas por parágrafos expositivos e argumentativos, respectivamente. Os parágrafos expositivos costumam conter a
resposta para pergunta: O quê? -, e os parágrafos argumentativos, para as
perguntas: O quê? Por quê? Como você justifica sua opinião?
A partir do texto estudado, faremos exercícios
para aprimorar a construção desses dois tipos de parágrafos. Essa atividade tem
como objetivo auxiliá-lo(a) não somente a escrever dissertações, mas também a
escrever respostas dissertativas (questões discursivas) de exercícios de outras
áreas do conhecimento. Procuraremos trabalhar com a ideia de “leitor
universal”, ou seja, ao construirmos nossos parágrafos, devemos considerar que
o leitor será capaz de entender a resposta sem que seja necessário ler a
pergunta.
a) O que é
avaliado na redação do ENEM?
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b) Você discorda
de algum critério de avaliação empregado no ENEM? Por quê? (Responda em 3a
pessoa)
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Caso suas respostas tenham ido ao encontro exatamente
do que foi perguntado, de modo a serem enunciados completos independentes das
perguntas que os originaram (atendendo às “exigências” do leitor universal),
você certamente produziu parágrafos dissertativos.
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